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quinta-feira, 3 de março de 2011

Mesmo com escolaridades iguais, negros ganham menos que brancos, diz estudo do Dieese

14/11/2007 - 16h32
Mesmo com escolaridades iguais, negros ganham menos que brancos, diz estudo do Dieese

As vésperas do dia 20 de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra, um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) comprova uma realidade que, na prática, já é bastante conhecida: as oportunidades no mercado de trabalho e os níveis de escolaridade não são os mesmos entre as populações negra e não-negra no Brasil.

A pesquisa, intitulada de "Escolaridade e Trabalho: desafios para a população negra nos mercados de trabalho metropolitanos", comparou dados obtidos em Salvador, Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e no Distrito Federal. Segundo o estudo, o ganho mensal dos negros (formados pelos pretos e pardos) pode ser até 52,9% menor do que o dos não-negros (brancos e amarelos).

De acordo com Patrícia Lino Costa, economista do Dieese, essa diferença de salário pode ser atribuída "à discriminação à população negra". "Nas regiões metropolitanas, o salário médio por hora de um negro com ensino superior é de R$ 13, enquanto o mesmo salário de um branco é de R$ 18", disse. A maior diferença foi encontrada em Salvador, onde o rendimento médio mensal dos negros é de R$ 715, contra R$ 1.350 dos brancos.

Para a economista, a diferença de oportunidades também ajuda a explicar os rendimentos mais baixos dos negros. "Quando a gente olha a população economicamente ativa, a população negra tem uma escolaridade menor", afirmou. Ela explicou ainda que existe uma "diferença histórica" entre a escolaridade de brancos e negros, e isso se mantém, mesmo com o aumento na escolaridade dos negros.

"Apesar do crescimento da escolaridade, existe ainda uma diferença nos indicadores. Mesmo a população negra mais escolarizada tem mais dificuldade para obter um emprego e ganham menos", afirmou. Ainda assim, Patrícia destaca que a escolaridade é "uma condição para uma melhor inserção no mercado de trabalho".

Por outro lado, disse ela, o estudo ajuda a desmistificar "a idéia de que o preconceito não existe". "Os indicadores mostram o tempo inteiro que não, que a população negra está sujeita à discriminação, a mais desemprego e menores salários. Não existe uma região metropolitana onde você pode dizer que isso não exista."

A pesquisa ajuda, também, a orientar políticas publicas que levem em consideração a questão racial e criar condições de acesso à essa população, avaliou a economista. "É um problema que precisa ser enfrentado para ser solucionado. A partir do momento que uma sociedade cria uma secretaria de igualdade social ela admite que não é igualitária e que precisa adotar medidas para corrigir esse problema."

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