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quinta-feira, 31 de março de 2011

Estudo genético indica que ser humano moderno surgiu no sul da África



Para cientistas, grande variedade genética em populações da África austral é indício.

BBC Brasil

Um novo estudo genético entrou na discussão sobre as raízes da humanidade, fortalecendo a versão de que o ser humano moderno surgiu no sul da África e não no leste do continente, como indicam pesquisas e descobertas anteriores.

Em um artigo divulgado na publicação científica "Proceedings of the National Academy of Sciences", os pesquisadores americanos sustentam que o sul africano provavelmente ofereceu melhores condições para o surgimento do ser humano moderno.

"A África é apontada como o continente de origem de todas as populações humanas modernas. Mas os detalhes da pré-história e da evolução humana na África permanecem obscuros devido às trajetórias complexas de centenas de populações distintas", afirma o estudo.

A coautora do estudo Brenna Henn, da Universidade Stanford, na Califórnia, disse à BBC que a equipe encontrou uma "diversidade (genética) enorme" entre as populações caçadoras e coletoras da África - mais que entre as sedentárias, baseadas na agricultura.

Tais populações eram altamente estruturadas e relativamente isoladas umas das outras, provavelmente retendo grandes variações genéticas entre si, afirmou.

"Analisamos os padrões de diversidade genética entre 27 populações africanas atuais, e percebemos um declínio de diversidade que começa de fato no sul da África e progride à medida que a análise caminha em direção ao norte do continente", contou Henn.

Marco

Os modelos usados pela equipe são consistentes com a perda de variedade genética que ocorre quando um número muito pequeno de indivíduos estabelece uma nova população a partir de uma população original mais numerosa.

"As populações no sul da África têm a maior diversidade genética de qualquer população de que temos notícia", afirmou a pesquisadora. "Isso sugere que esta pode ter sido a melhor região para dar origem aos humanos modernos".

O paleontólogo Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, que não faz parte da equipe que elaborou o estudo, disse que a pesquisa é um 'marco' no seu campo de pesquisa.

'É um marco, que conta com muito mais dados sobre os grupos de caçadores e coletores que qualquer outro, mas eu continuo cauteloso em apontar um local de origem (para os primeiros humanos)', afirmou.

"Jardim do Éden"

O professor discorda da visão de que tenha havido uma espécie de "Jardim do Éden" a partir do qual a humanidade evoluiu.

"Diferentes populações da África antiga provavelmente contribuíram com os genes e o comportamento que formam o ser humano moderno".

Stringer explicou que, embora a ocorrência de grupos caçadores e coletores seja bastante restrita atualmente, pinturas rupestres atribuídas a esses grupos sugerem que no passado eles se espalhavam por uma área muito maior.

"O novo estudo sugere que os genes dos Khomani (grupo étnico do sul da África), dos Biaka (da África Central) e dos Sandawe (do leste) parecem ser os mais diversos, e por conseqüência estas são as mais antigas populações de Homo sapiens", argumenta.

"É mais provável que os grupos sobreviventes de caçadores e coletores sejam hoje restos localizados de populações que em outras épocas se distribuíam por toda a África subsaariana há 60 mil anos", afirmou o paleontólogo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

No dia 17 de março do corrente ano o Fojune - MA se reuniu com a secretária de Igualdade Racial do Estado Claudett Ribeiro.

A pauta foi basicamente o estreitamento da secretaria com o Fórum e o alinhamento para firmação de uma parceria de trabalhos para o ano nde 2011.

O Fórum apresentou suas atividades realizadas em 2010 e o planejamento para 2011. A secretária encejou o desejo de parceria e firmou compromisso de auxiliar o Fórum nas atividades que serão desenvolvidas neste ano.

Outro ponto a ser tratado foi a questão do espaço do Fórum para reuniões, onde a Srª Claudete colocou uma sala da secretaria a disposição do Fórum para reunião e utilização do espaço.

No mesmo encejo os integrante do grupo Milson Oniletó e André Lobato foram convidados para participar de um programa de rádio (Rádio Timbiras) na segunda-feira dia 21 de março para falar sobre o 'Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial'.

Após discutir o plano de ação em conjunto houve a assinatura da pauta por tod@s @s presentes. Foi marcada uma próxima reunião para início das atividades de planejamento das ações em abril.

terça-feira, 22 de março de 2011

Em 3 assassinados, 2 são negros. Não, nós não somos racistas

Na pág. 12 da Carta Capital que chega hoje às bancas, Mino Carta (“A maior desgraça – três séculos de escravidão vincam até hoje os comportamentos da sociedade brasileira”); e Cynara Menezes, na pág. 24 (“Ecos da escravidão – nunca o fosso entre a segurança dos brancos e negros foi tão grande no Brasil. Enquanto o número de assassinatos de uns cai, o dos outros segue em alta”) tratam de racismo e violência.

Mino diz assim:

“Há quem pretenda que o preconceito à brasileira não é racial, é social, mas no nosso caso os qualificativos são sinônimos: o miserável nativo não é branco.”

Mino demonstra que Ronaldo, dito o Fenômeno, e mesmo Pelé, “um negro de alma branca”, se postados na calada da noite em certas esquinas do Rio e de São Paulo, seriam sumariamente conduzidos ao xilindró mais próximo.

Mino considera que a escravidão é o “mal maior da história do Brasil”.

Outro mal, o Golpe de 64, “último capítulo do enredo populista comandado por uma elite que, como diz Raymundo Faoro, quer um país de 20 milhões de habitantes e uma democracia sem povo”.

Como se sabe, o PiG (*) apoiou o Golpe com entusiasmo.

A Folha chegou a ceder carros de reportagem para os torturadores.

Como se sabe, o PiG apoiaria qualquer outro Golpe para derrubar qualquer presidente trabalhista.

Conclui Mino:

“CartaCapital confia na ação da presidenta Dilma e acredita que seu Governo saberá dar prosseguimento às políticas postas em prática pelo antecessor e empenhar-se a fundo no seu próprio programa de erradicação da miséria.”

Cynara dá os números para Mino bater.

O racismo se adensa.

“Em 2002, foram assassinados 46% mais negros do que brancos. Em 2008, a porcentagem atingiu 103%.”

“Em outras palavras, para cada três mortos, dois tinham a pele escura.”

“Na Paraíba, morrem 1.083% mais pretos. Em Alagoas, 974%. E, na Bahia dos blocos de Carnaval, 440%.”

Recomenda-se ardentemente a leitura do livro “Nós não somos racistas”, de Ali Kamel, o Gilberto Freyre da Globo.

Em tempo: não deixe de ler “Secretario de Justiça da Bahia associa Ali Kamel ao racismo no Brasil”.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

"Todos Negros"




TERÇA-FEIRA, 18 DE SETEMBRO DE 2007

Luiz Morier > Todos Negros
Trechos do depoimento de Luiz Morier, gravado em 11/05/2007, a respeito de sua foto intitulada por ele "Todos Negros".

Quando eu fiz esta foto, eu estava passando pela Grajaú-Jacarepaguá, e, passando pela estrada, percebi que havia uma blitz. Parei e fotografei a blitz. E me deparei com esta cena, os negros todos amarrados pelo pescoço. E até dei o título da foto de “Todos Negros”. E logo em seguida eu fui embora, e mais abaixo tinha uma manifestação dos moradores, eu continuei fazendo a seqüência e tal, e fui embora.
E essa me trouxe meu primeiro prêmio Esso na minha carreira. A sensação que eu tive foi de humilhação. Senti uma cena humilhante. As pessoas humilhadas, pessoas com carteira de trabalho na mão, dava para perceber que não eram bandidos, porque bandidos não usam um tipo de veste assim. É claro que eles se vestem bem melhor que isso. Eram pessoas simples, humildes, todos negros. Senti que era um ato de humilhação. Estavam sendo humilhados ali, carregados pelo pescoço como escravos.



- Do material que você fez nesse dia, você tinha certeza de que esta foto tinha destaque em relação às outras?

Não, não tinha certeza, não. Porque a gente... Eu, pelo menos, sempre... Você faz uma foto na hora, aí você só vai ter uma idéia depois que ela foi revelada. Quando eu estava revelando, sim. Aí, que eu vi a foto revelada, eu falei: “pô, essa vai dar o que falar!...” Que isso não é coisa que possa acontecer com o ser humano nos dias de hoje. Ou na época, na década de 80. Mas, até hoje a gente vê humilhação por aí...
Percebi que houve uma reação grande de todos que viram a foto. Até hoje, até hoje...
Quem ainda não viu e vê a foto... Já foi usada por várias faculdades, já foi tema... Inclusive foi, até, em 1988, quando a escravidão... Fez cem anos da Lei Áurea, ela foi bem revista e colocada para todos verem que cem anos depois ainda havia esse tipo de cena. (...)
Eu percebi que tinha uma blitz, mas eu parei porque tinha um camburão parado na pista. Eu fui lá dentro do mato fazer esta foto aqui. Então, eles estavam praticamente escondidos. Quer dizer, eu cacei!... Não estavam expostos assim, na rua. Você pode ver que tem mato lá no fundo, estavam lá no meio do mato, um caminhozinho no meio do mato. Então, quer dizer, era mais escondido, de uma forma... Eles faziam as mutretas, faziam tudo que tinham que fazer, mas, mais escondidos, para que a imprensa não visse mesmo. Agora, eles não estão nem aí... Agora, é tiro pra cá, é tiro pra lá, caiu ali, se tiver fotografa, se não tiver...

- Nessa foto aí, os PMs tiveram alguma reação de não deixarem você fotografar?

Ah, a reação foi imediata!... O tenente falou: “recolhe, recolhe, recolhe!”. Quando ele percebeu que eu estava fotografando, ele mandou recolher. Só que quando ele mandou recolher, ele não percebeu que eu... O guarda não percebeu que eu estava fazendo uma foto dele. Eu estava com um grande angular, ele achou que eu estivesse fazendo só os presos. E, no entanto, ele estava enquadrado na foto. (...)
Tem a importância que tem hoje porque mostra uma autoridade, ali, que devia usar algemas, no mínimo, e usou uma corda, e amarrada no pescoço. Não foi nem nas mãos, foi no pescoço. Quer dizer, um ato escravo mesmo! (...)
Sim, agora é. Para mim, ela é uma foto histórica. E vai estar sempre no primeiro lugar, pra mim, porque é uma foto que marcou muito esse meu tempo de trabalho.

Luiz Morier > Diz que foi no Jornal Tribuna da Imprensa que tudo começou. Aos seis anos, acompanhava o pai, Max Morier, repórter esportivo já falecido, e meio que um fundador da Tribuna. Morier começou a carreira de repórter-fotográfico no extinto jornal Última Hora, em 1977. Também teve passagens pelo Globo e trabalhou como freelancer no Estadão. No Jornal do Brasil trabalhou mais de 25 anos. Nos últimos anos tem frilado para várias empresas.

Fontes: versão digital do Jornal Paparazzi, ARFOC, Associação dos Repórteres-fotográficos e Cinematográficos, http://www.arfoc.org.br/paparazzi/default3.asp?idperfil=18&idedicao=12&v=s,
e sessão Em Foco, ABI online, Associação Brasileira de Imprensa, http://www.abi.org.br/paginaindividual.asp?id=412.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Seir comemora o Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial


A Secretaria de Estado da Igualdade Racial (Seir) promoverá uma série de divulgações e reuniões de conscientização, nesta segunda-feira (21), Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial. Uma das reuniões será com jovens integrantes do Fórum Estadual da Juventude Negra. “A data é simbolicamente importante de ser lembra como marco contra o racismo no mundo”, afirmou a secretária Claudett Ribeiro.

De acordo com Claudett Ribeiro, tendo como um dos itens de sua missão institucional o combate ao racismo e a intolerância aos grupos étnico-raciais, a Seir vai aproveitar a data para motivar a reflexão envolvendo as conquistas da população afro-descendente no Maranhão, Brasil e em inúmeros países.

No Maranhão, a luta pelos direitos e conquistas dos negros é marcada por inúmeras lutas históricas, sobretudo contra a escravidão, no século XIX, protagonizada pelos povos quilombolas no interior do Maranhão e, mais recentemente, pelo trabalho de instituições como o Centro de Cultura Negra (CCN).

Durante a data, a Seir vai fazer referência a pessoas que lutaram contra o racismo nos últimos anos no Maranhão, entre os quais, Magno Cruz (falecido), José Henrique Pinheiro Silva, Escrete (falecido), Socorro Guterres, entre outros.

Origem da data

O Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória do Massacre de Shapervillea (Estados Unidos), ocorrido em 21 de março de 1960, quando 20.000 negros protestavam contra a Lei do Passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam circular.

Durante o protesto, o Exército atirou contra os 20 mil negros resultando em 69 mortos e 186 feridos. O 21 de Março marca ainda outras conquistas da população negra no mundo: a independência da Etiópia, em 1975, e da Namíbia, em 1990, ambos países africanos.

Na data, também será lembrada a Convenção Internacional para a Eliminação de todas as Normas de Discriminação Racial da ONU, ratificada pelo Brasil.

Claudett Ribeiro lembra que a Norma, em seu Artigo 1º define discriminação racial como “qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e/ou exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública".

sexta-feira, 18 de março de 2011

2011 Ano Internacional dos Afrodescendentes



A Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) lança na segunda-feira (21/03), em Brasília, a campanha brasileira do Ano Internacional dos Afrodescendentes - 2011. A homenagem aos povos africanos e seus descendentes, aprovada pela Assembleia-Geral da ONU, é um reconhecimento de suas contribuições culturais e econômicas em todo o mundo e da necessidade de combater as persistentes desigualdades raciais.

O lançamento da campanha marca também os oito anos de criação da Seppir e o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial - 21 de março, que lembra as vítimas do massacre de Shapeville, na África do Sul, mortas enquanto realizavam um protesto pacífico contra o regime de segregação racial.

Programação
No ato de lançamento da campanha serão feitas também a entrega de prêmios e homenagens. Dezesseis escolas e secretarias da Educação receberão o Selo da Educação para a Igualdade Racial, por terem se destacado na implantação das diretrizes nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, em sintonia com a Lei nº 10.639 e o Estatuto da Igualdade Racial.

A programação inclui ainda, homenagens à professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, primeira mulher negra a ter assento no Conselho Nacional de Educação do Ministério da Educação (CNE/MEC), pelos relevantes serviços prestados ao país. Serão premiadas também as crianças vencedoras do concurso cultural As Cores do Saber, realizado em parceria pela Petrobras e Seppir. A Petrobras assinará dois protocolos de intenções para a promoção da equidade racial.

Serviço: Local: Segunda-feira, 21 de março, às 17 horas, no auditório do Bloco A, Subsolo, Esplanada dos Ministérios - Brasília

sexta-feira, 4 de março de 2011

Reunião do FONAJUNE em Brasília



No mês de março de 2011 houve a reunião do FONAJUNE para que se discutisse sobre a atuação das coordenações estaduais e suas problemáticas e apontar direções e caminhos para a realização do ENJUNE 2011.

Em atividades sempre...





I Encontro de Jovens de Terreiro, aconteceu em São Luís-MA no Hotel Premier nos dias 18 e 19/12/2010 sempre das 08h às 18h e encenrrando com programação cultural e coffebreak.Muito interessante todos os apontamentos levantados durante o processo de construção do conhecimento acerca dessa parte tão importante para a perpetuação da religião e do conhecimento.Na foto 1,Yalorixá Abraão e suas/seus equedes(iniciantes/iniciad@s).

quinta-feira, 3 de março de 2011

Maioria das empregadas domésticas de São Paulo é negra e não tem carteira assinada
28/04/2007 14:01
Petterson Rodrigues
Repórter da Agência Brasil-São Paulo

A Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, (Seade), em parceria com o Conselho Estadual da Condição Feminina, divulgou um estudo sobre o mercado de trabalho das empregadas domésticas na Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com o estudo, as empregadas domésticas respondem por 17,7% do total da ocupação feminina e tem 95,5% de seus postos de trabalho ocupados por mulheres, das quais 53,6% são negras e apenas um terço possui carteira de trabalho assinada.Em nota, a Seade informa que a pesquisa foi divulgada em momento oportuno, em virtude do Dia Nacional da Empregada Doméstica, celebrado ontem (27). “O maior contingente das empregadas domésticas (39,7%) está na faixa etária de 25 a 39 anos, sem grandes diferenças entre negras e não-negras (21,6% e 18,1%, respectivamente). Seguem-se os grupos de idade de 40 a 49 anos (28,5%) e de 50 a 59 anos (14,8%), o que permite afirmar que praticamente a metade das empregadas domésticas possui mais de 40 anos de idade”, diz o estudo.A maioria das empregadas domésticas, que corresponde a 64,4%, não completou o ensino fundamental. Cerca de 20% delas não completou o ensino médio. “Esse tipo de ocupação, uma vez que não exige níveis de escolaridade elevados, constitui uma das poucas possibilidades hoje existentes para o emprego de pessoas com baixa escolaridade, como é o caso de muitas mulheres adultas”, conclui a pesquisa sobre a escolaridade.O segmento de serviços domésticos é o segundo maior empregador da mão-de-obra feminina na Região Metropolitana de São Paulo e o único que os homens não são maioria, revela a pesquisa. O estudo levou em conta o período de 12 meses compreendidos de novembro de 2005 e outubro de 2006 da pesquisa de emprego e desemprego realizada pela Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Maiores informações do estudo sobre as empregadas domésticas estão disponíveis no site da Seade.

Discriminação tem preço

Discriminação tem preço
18 de novembro de 2005
Pesquisas apontam que taxa de desemprego entre mulheres negras chega a ser o dobro da registrada pela população branca masculina. Salários de afrodescendente são até 52% menores por causa da cor

Mariana Flores e Breno Lobato
Correio Braziliense

A situação da mulher negra no mercado de trabalho brasileiro está cada vez mais vulnerável. Elas são as mais prejudicadas pelo desemprego. Quando conseguem uma ocupação, desempenham atividades em condições mais precárias e recebem salários inferiores aos dos demais trabalhadores. A taxa de desemprego entre mulheres negras chega a ser o dobro da registrada entre homens brancos (veja gráfico). Na média, elas ganham três vezes menos do que os homens brancos e quase a metade do que as mulheres não negras. Na maioria dos casos, a escolaridade média dos brancos é superior à dos negros e a discriminação contribui para aumentar a diferença. “Algumas pesquisas mostram que 52% da diferença salarial entre negros e brancos se deve à discriminação e não à escolaridade”, afirma Vera Soares, coordenadora do Programa de Igualdade de Gênero e Raça do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem).

Em comemoração à Semana da Consciência Negra, três institutos divulgaram ontem estudos retratando as desigualdades de raça e gênero. Os dados mostraram que o preconceito é maior quando se trata da cor da pele. Segundo números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as mulheres brancas ganham, em média, melhor que os homens afrodescendentes, apesar de terem salários inferiores aos dos homens brancos. Em média, elas ganhavam R$ 279,70 em 2003. No caso dos homens negros, os salários subiram para R$ 428,30. Já as mulheres brancas receberam, em média, R$ 554,60 em 2003 e os homens brancos, R$ 931,10. “Os negros (somados à população declarada como parda) somam 46% da população brasileira. Detalhamentos como estes nos estimulam a pensar no que fazer. Estamos lançando campanhas publicitárias voltadas para o campo empresarial com o objetivo de aumentar as contratações dos negros”, diz a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

O ingresso no mercado de trabalho está cada vez mais difícil. O desemprego cresceu em todas as classes no período pesquisado pelo Ipea — entre 1996 e 2003 —, mas as mulheres, especialmente as negras, foram as mais prejudicadas. Em 2003, de cada 100 mulheres negras no mercado de trabalho, 16 estavam desempregadas. Em 1996, o número era menor — 11 procuravam uma vaga. No último ano pesquisado, a taxa de desemprego das mulheres brancas era de 13,3% e as dos homens negros e brancos, de 9,9% e 8,3%, respectivamente.

Brasília
Outra pesquisa, elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) com dados de janeiro a setembro, mostra a realidade das mulheres negras no Distrito Federal. De cada 100 trabalhadoras afrodescendentes da capital federal, 24 estão desempregadas. O número cai para 13 quando se aborda o universo dos homens brancos. No caso das mulheres brancas, a proporção de desempregadas diminui para 21%. Também no DF, quando conseguem um posto de trabalho, as negras são as que mais sofrem com as condições precárias do emprego. De acordo com o estudo, 41,3% delas se encontram em situação de vulnerabilidade, seja por não ter carteira assinada, ser trabalhadora familiar não-remunerada ou empregada doméstica.

Assim como mostrou o relatório do Ipea, em Brasília os salários dos afrodescendentes são, em geral, mais baixos. Em média, cada trabalhador não-negro recebe, mensalmente, R$ 1.634. O rendimento cai para R$ 1.071 por causa da cor da pele. As mulheres negras recebem, em média, 50,8% dos rendimentos pagos aos homens brancos. Segundo os dados do Dieese, em outras regiões metropolitanas as diferenças salariais pela cor da pele podem ser ainda maiores. Os extremos são verificados em Salvador. Na capital baiana, as mulheres negras ganham apenas 39,2% dos salários pagos aos trabalhadores brancos.

É preciso ter jogo de cintura para lidar com o preconceito, segundo Maria Abadia de Souza Bernardo, 44 anos, gerente-geral no DF da rede de lojas femininas Cori. Não são raros os casos de pessoas que pedem para falar com a chefe dela. Com dezenas de funcionários sob seu comando, ela coordena três lojas nos maiores shoppings da cidade. “Às vezes, quando tem algum problema, as pessoas pedem para falar com o gerente ou com alguma pessoa que esteja em um cargo acima do meu”, afirma, lembrando que muitos clientes duvidam que ela seja a chefe em Brasília. “Há discriminação, mas quando isso ocorre procuro mentalizar e fingir que não é comigo”, diz. Maria Abadia afirma que sempre se preparou para desempenhar a função que ocupa. “Sou capaz e só estou bem posicionada por isso. Sou muito bem paga, mas no início a discriminação era ainda maior. Colegas de trabalho me olhavam como se eu fosse pior e não tivesse a mesma qualificação”, lamenta.


'A diferença salarial se deve à discriminação racial e não à escolaridade-Vera Soares, coordenadora do Unifem'

Elas são domésticas
O emprego doméstico é o destino de 24 em cada 100 mulheres negras que estão no mercado de trabalho. O volume é bem maior que o de trabalhadoras brancas. Entre elas, a proporção é de 14 empregadas domésticas para cada 100 ocupadas, segundo os dados divulgados ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Somadas, as empregadas domésticas somam 6 milhões de pessoas em todo o país.

Nas seis regiões metropolitanas pesquisadas o número de mulheres negras ocupadas no emprego doméstico atinge o dobro do volume das não-negras, segundo dados de 2003 e de 2004. Em Brasília, que possui 60% de sua população formada por pardos e negros, a proporção é de 24,3% e 12,3%, respectivamente. A maior diferença ocorre em Salvador, cidade onde 80% da população é negra. O percentual de afro-descendentes que trabalham como domésticas é de 22,1%, mais que o triplo do volume das brancas — 6,2%.

Das domésticas brasilienses que são negras, 80,2% trabalham como mensalistas. Já no caso das brancas a proporção sobe para 83,7%. Destas, em torno de 35% têm carteira assinada. Exceção por ter carteira de trabalho assinada, a doméstica Vanusa Dimas da Silva, 33 anos, diz que a discriminação é mais social do que racial. Na profissão, não vê discriminação de cor, mas acredita que isso acontece quando se pede boa aparência. "Nunca fui discriminada pela cor, mas por ser doméstica. Não temos direito nenhum, nem FGTS, nem seguro desemprego".

As brasilienses, negras e brancas, saem em desvantagem em relação aos rendimentos, apesar de viverem na cidade com maior renda per capita do país. “Paga-se muito pouco às empregadas. Isso mostra o quanto elas são discriminadas”, avalia a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo. As domésticas negras recebem, em média, por hora trabalhada R$ 1,77, valor superior ao pago em Belo Horizonte (R$ 1,75), Recife (R$ 1,08) e Salvador (R$ 1,18). Mas abaixo dos salários de Porto Alegre (R$ 2,23) e São Paulo (R$ 2,34).

As domésticas negras em Brasília recebem, em média, R$ 1,78 por hora trabalhada. A jornada média semanal é de 44 horas a 47 horas. (MF)

Mesmo com escolaridades iguais, negros ganham menos que brancos, diz estudo do Dieese

14/11/2007 - 16h32
Mesmo com escolaridades iguais, negros ganham menos que brancos, diz estudo do Dieese

As vésperas do dia 20 de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra, um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) comprova uma realidade que, na prática, já é bastante conhecida: as oportunidades no mercado de trabalho e os níveis de escolaridade não são os mesmos entre as populações negra e não-negra no Brasil.

A pesquisa, intitulada de "Escolaridade e Trabalho: desafios para a população negra nos mercados de trabalho metropolitanos", comparou dados obtidos em Salvador, Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e no Distrito Federal. Segundo o estudo, o ganho mensal dos negros (formados pelos pretos e pardos) pode ser até 52,9% menor do que o dos não-negros (brancos e amarelos).

De acordo com Patrícia Lino Costa, economista do Dieese, essa diferença de salário pode ser atribuída "à discriminação à população negra". "Nas regiões metropolitanas, o salário médio por hora de um negro com ensino superior é de R$ 13, enquanto o mesmo salário de um branco é de R$ 18", disse. A maior diferença foi encontrada em Salvador, onde o rendimento médio mensal dos negros é de R$ 715, contra R$ 1.350 dos brancos.

Para a economista, a diferença de oportunidades também ajuda a explicar os rendimentos mais baixos dos negros. "Quando a gente olha a população economicamente ativa, a população negra tem uma escolaridade menor", afirmou. Ela explicou ainda que existe uma "diferença histórica" entre a escolaridade de brancos e negros, e isso se mantém, mesmo com o aumento na escolaridade dos negros.

"Apesar do crescimento da escolaridade, existe ainda uma diferença nos indicadores. Mesmo a população negra mais escolarizada tem mais dificuldade para obter um emprego e ganham menos", afirmou. Ainda assim, Patrícia destaca que a escolaridade é "uma condição para uma melhor inserção no mercado de trabalho".

Por outro lado, disse ela, o estudo ajuda a desmistificar "a idéia de que o preconceito não existe". "Os indicadores mostram o tempo inteiro que não, que a população negra está sujeita à discriminação, a mais desemprego e menores salários. Não existe uma região metropolitana onde você pode dizer que isso não exista."

A pesquisa ajuda, também, a orientar políticas publicas que levem em consideração a questão racial e criar condições de acesso à essa população, avaliou a economista. "É um problema que precisa ser enfrentado para ser solucionado. A partir do momento que uma sociedade cria uma secretaria de igualdade social ela admite que não é igualitária e que precisa adotar medidas para corrigir esse problema."

Brasil: Por cada branco morrem 2,2 negros

Brasil: Por cada branco morrem 2,2 negros
A probabilidade de um jovem negro ser assassinado no Brasil é 130 por cento maior do que um jovem branco segundo o estudo ‘Mapa da Violência 2010: Anatomia de Homicídios no Brasil’, divulgou a imprensa brasileira.

Tendo em conta toda a população, por cada branco assassinado, morrem 2,2 negros no país, o que significa que morrem no Brasil 107,6 por cento mais negros do que brancos.

Segundo o estudo, divulgado pelo jornal ‘O Estado de São Paulo’, o Brasil registou 47,7 mil assassínios em 2007, o equivalente a uma média diária de 117 mortes.

O relatório mostra que pela primeira vez foi possível quantificar o risco de um jovem negro ser vítima de assassínio no Brasil, sendo 130 por cento maior do que um jovem branco.

A desigualdade entre as populações aumentou muito num período de cinco anos. Em 2002, morria uma média de 1,7 negros, entre 15 a 24 anos, para cada jovem branco, mas em 2007, esta proporção subiu de 2,6 para 1.

Nas outras faixas etárias, a situação não é diferente, já que o número de vítimas brancas passou de 18 852 para 14 308, o que significa uma redução de 24,1 por cento e, entre negros, o número de mortes subiu de 26 915 para 30 193, um crescimento de 12,2 por cento.

“Brancos foram os principais beneficiados pelas acções de combate à violência. Temos uma grave anomalia que precisa ser reparada", declarou o autor do estudo, Júlio Jacobo. Os dados do estudo foram recolhidos porque, a partir de 2002, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a registar nas certidões de óbito a raça do morto em mais de 80 por cento dos casos.

Negros morrem de forma violenta duas vezes mais do que brancos

Negros morrem de forma violenta duas vezes mais do que brancos

13 de maio de 2008

Em uma pesquisa inédita, encomendada pelo Ministério da Saúde e apoiada pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e pelo Dfid (Department for International Development), ligada ao governo britânico, revelou que a desigualdade entre negros e brancos se expressa até mesmo nas distintas causas de morte.
Baseando-se em dados do SIM (Sistema de Informação de Mortalidade), do próprio Ministério da Saúde, referentes aos anos de 1998, 1999 e 2000, além do Censo 2000, o estudo constatou que a principal causa de morte entre os negros vem de homicídios, acidentes de trânsito, suicídios e outras mortes consideradas violentas, concluindo que um entre quatro negros de qualquer idade morre decorrente destas causas, equivalendo a 25,6% das mortes.
Logo em seguida, a segunda maior causa de mortes entre os negros são decorrentes de doenças circulatórias, representando um índice de 21,8%.
No entanto, entre aos brancos, os números são completamente contrários. A principal causa de mortes são relacionadas a doenças circulatórias, sendo um índice de 28,1%, enquanto que as mortes violentas vêm em segundo lugar, com 16%.
Comparando a taxa de homicídio, os negros representam 12,3% das mortes, enquanto que os brancos representam uma taxa bem menor, com apenas 5,5% de mortes.
A respeito de causas de mortes decorrentes de acidentes de trânsito, 5% atingem os negros e 4,6% entre os brancos, sendo também menor na segunda maior causa de mortes.
Além disso, as mortes relacionadas a causas externas afetam em sua grande maioria a juventude, onde se pode observar que 78,7% dos óbitos dizem respeito a jovens brancos de idade entre 15 e 25 anos e 82,2% entre negros de mesma faixa etária.
Em relação à taxa de homicídios, por exemplo, os jovens brancos representam 38,1% destas mortes, enquanto que entre os jovens negros, há um aumento para 52,1% das mortes.
Isso é resultado da posição de cidadão de segunda classe que o negro ocupa na sociedade. Tendo sua emancipação, a população negra se constitui como uma das mais exploradas pelo capitalismo, constituindo a grande maioria dos habitantes das periferias e favelas onde as condições de vida são precárias.
Nesse sentido, se coloca a luta por um programa que atenda verdadeiramente a emancipação definitiva e completa da população negra, pois, nas atuais condições, representando a grande maioria dos trabalhadores e sendo um dos setores mais oprimidos pelo capitalismo, a reivindicação política contra a burguesia e o Estado capitalista que colocará a população negra em real emancipação e liberdade.

IBGE: 69,4% dos analfabetos do País são negr@s

IBGE: 69,4% dos analfabetos do País são negros

Reduzir Normal Aumentar Imprimir O número de negros ou pardos que estão entre os 14,4 milhões de analfabetos brasileiros é de 10 milhões, o que representa 69,4% do total. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2007, divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o analfabetismo atingia, em 2006, 6,5% do total de brancos e 14% do total da população negra e parda, considerando-se a idade de 15 anos ou mais.

A taxa de analfabetismo funcional também era muito menor para brancos (16,4%) do que para negros (27,5%) e pardos (28,6%). A média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais de idade mostrava uma vantagem de 2 anos para brancos (8,1 anos de estudos), em relação a negros e pardos (6,2).

O levantamento também mostra que aumentou o número de negros entre os estudantes de nível superior, apesar de ainda ser em um percentual menor que o de brancos. Na faixa etária entre 18 e 24 anos, 56% dos estudantes de nível superior eram brancos e apenas 22% eram negros. Em 1996, essa distribuição dos estudantes, nessa faixa de idade, era de 30,2% para os brancos e 7,1% para os negros e pardos.

Entre as pessoas de 25 anos ou mais de idade que alcançaram 15 anos ou mais de estudo, ou seja, haviam completado o nível superior, o número de brancos também supera o de negros. Em 2006, apenas 8,6% possuíam esse nível de escolaridade, sendo que, nesse grupo, 78% eram de cor branca, 3,3% de cor preta, e 16,5% eram pardos. Mais de 12% dos brancos haviam concluído o terceiro grau, enquanto para negros e pardos a participação não alcançava 4%.

A Síntese dos Indicadores Sociais 2007 - Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira foi baseada nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados pelo próprio instituto no último dia 14 de setembro. O Pnad é realizado anualmente e entrevistou 410.241 pessoas, em 145.547 domicílios em todo o Brasil, em 2006.

Brancos ganham 40% mais do que negros, diz IBGE

Brancos ganham 40% mais do que negros, diz IBGE
28 de setembro de 2007

Brancos ganham em média 40% a mais do que negros ou pardos com a mesma faixa de escolaridade, segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais 2007, divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa considerou os rendimentos-hora de acordo com grupos de anos de estudo.

O levantamento também apontou que os negros ou pardos são maioria entre os pobres, enquanto brancos são minoria. A distribuição entre os 10% mais pobres e o 1% mais rico mostra que negros e pardos eram mais de 73% entre os mais pobres e somente pouco mais de 12% entre os mais ricos.

Por sua vez, os brancos eram, em 2006, 26,1% dos mais pobres e quase 86% na classe mais favorecida. De acordo com o IBGE, as desigualdades se verificavam em todas as grandes regiões do País.

A Síntese dos Indicadores Sociais 2007 - Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira foi baseada nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados pelo próprio instituto no último dia 14 de setembro. O Pnad é realizado anualmente e entrevistou 410.241 pessoas, em 145.547 domicílios em todo o Brasil, em 2006.

Redação Terra

Negros ainda são maioria nos serviços domésticos e na construção civil

Negros ainda são maioria nos serviços domésticos e na construção civil
No Distrito Federal e em Porto Alegre, o percentual de negros ocupados no setor de serviços domésticos é o dobro do número de brancos.

20/11/2009 | 08:54 | Agência Brasil
O percentual de trabalhadores negros nos serviços domésticos e na construção civil ainda é maior que o de trabalhadores brancos nas mesmas funções. Dee 2004 a 2008, houve redução do número de trabalhadores negros nesses setores, mas a participação entre as raças ainda é desigual.

Relatórios regionais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com dados de seis regiões metropolitanas do país (São Paulo, Belo Horizonte, Distrito Federal, Salvador, Recife e Porto Alegre) apontam percentuais maiores de trabalhadores negros em postos de trabalho de menor qualificação, em que as jornadas costumam ser mais intensas e os rendimentos menores.

Em São Paulo, o levantamento apontou redução dos negros nos serviços domésticos, de 8,7% em 2004 para 7,7% em 2008. No entanto, entre os trabalhadores brancos, o percentual de trabalhadores no segmento era de de 6% e caiu para 5,7% no mesmo período.

No Distrito Federal e em Porto Alegre, o percentual de negros ocupados no setor de serviços domésticos é o dobro do número de brancos. No DF, 11,4% dos negros ocupados trabalham em atividades domésticas, contra 5,6% entre os não negros, por exemplo.

Na construção civil, a tendência é semelhante, apesar da maior proximidade entre a participação de trabalhadores negros e não negros no setor. De todos os negros ocupados na região metropolitana do Recife, por exemplo, 5,3% estão no segmento. Entre os brancos, o percentual é de 3,1%. Na capital gaúcha, os percentuais são de 7,3% e 4,3%, respectivamente.

Entidade luta contra ataques religiosos

Entidade luta contra ataques religiosos
Fórum quer combater a discriminação contra as religiões de matriz africana e medir a dimensão dos ritos afro-brasileiros no Paraná

Publicado em 20/11/2009 | Marcos Xavier Vicente
Representantes de religiões afro-brasileiras pretendem mapear as casas de umbanda e candomblé no Paraná e combater a discriminação, que impede muitos praticantes de expor suas crenças. Hoje, Dia Nacional da Consciência Negra e data da morte do líder negro Zumbi dos Palmares, será lançado o Fórum Paranaense de Religiões de Matriz Africana (FPRMA), com evento às 14 horas, no Instituto Edusol, em Curitiba. O objetivo do fórum é ampliar o debate sobre medidas que diminuam o preconceito contra os cultos de origem africana. Antes do lançamento, seguidores das religiões afro-brasileiras farão uma caminhada da Boca Maldita até a sede do instituto, às 9h30.

De acordo com o coordenador do fórum, Rômulo Barroso Miranda, o ogã Rômulo de Osaguian, seguidor do candomblé, as religiões afro-brasileiras ainda hoje são muito estigmatizadas. “Muitas pessoas ainda têm a mania de demonizar os cultos afro-brasileiros. Mas nem existe demônio na nossa religião”, afirma Miranda. A consequência disso é a intolerância religiosa. “É comum as casas serem apedrejadas porque algumas pessoas não aceitam nossos ritos, como o sacrifício de animais”, reforça o coordenador do FPRMA.

O FPRMA também pretende fazer um mapeamento das casas onde são celebrados ritos afro-brasileiros no Paraná. Segundo Miranda, justamente por causa do preconceito, muitos seguidores da religião preferem não se expor. “Queremos saber quem são e onde estão as pessoas que seguem as religiões de matriz africana no estado”, diz o ogã. Dado da Federação Paranaense de Cultos Afro-Brasi­leiros aponta a existência de 286 ca­­sas de umbanda e candomblé no Paraná. “Mas pelo receio que as pessoas têm de se expor, acreditamos que sejam muito mais”, explica Miranda.

Além do lançamento do fó­­rum, a comemoração da Semana Nacional da Consciência Negra também integra uma exposição que se encerra hoje e inclui arte africana, orixás e fotografias, entre outros objetos, na sede do Instituto Edusol (Rua José Bonifácio, 15, na Praça Tiradentes, ao lado da catedral).

Núcleo

Aproveitando a data, o Instituto Federal de Educação do Paraná (IFPR) assina hoje a criação do Núcleo de Estudos Afro-Brasi­­leiros. O diretor de Inclusão Social e Meio Ambiente do IFPR, Valter Roberto Schaffrath, explica que o núcleo terá a participação de toda a comunidade acadêmica, bem como de outros membros da sociedade.

Entre as atribuições do núcleo está a elaboração das regras para a aprovação dos estudantes por cotas raciais e sociais no primeiro processo seletivo do instituto, a ser feito em fevereiro. “Além de definir o método a ser utilizado nas cotas do processo seletivo, o núcleo também servirá para debater e combater o racismo na instituição e na sociedade”, aponta Schaffrath.

Governo regulariza 30 quilombos

Governo regulariza 30 quilombos
Agência Estado

Sorocaba (SP) - Depois de uma espera de mais de 20 anos, a aldeia negra do Cafundó, em Salto de Pirapora, a 125 km de São Paulo, será reconhecida oficialmente como território quilombola. As 18 famílias – pouco mais de 60 pessoas – preservam a cupópia, um dialeto construído a partir de línguas africanas, usado na comunicação interna e incompreensível para quem chega de fora. O Cafundó está entre os 30 territórios quilombolas do país que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva regularizará por decreto hoje, em Salvador, como parte das comemorações do Dia da Consciência Negra.

Serão beneficiadas 3.818 famílias em 14 estados, com a regularização de 342 mil hectares. Em São Paulo, além do Cafundó, serão contempladas as 27 famílias do quilombo de Brotas, no município de Itatiba – as duas áreas somam 232,2 hectares. Pelo ato, o Estado reconhece o direito de permanência das comunidades negras em seu território historicamente ocupado, como prevê a Constituição de 1988.

No Cafundó, os descendentes de escravos herdaram uma fazenda de 527 hectares, mas tiveram as terras griladas. Hoje, ocupam 17 hectares. “A terra é pouca, não dá para tirar o sustento”, reclama o líder Marcos Norberto de Almeida, 48 anos. Desde os anos 80 do século passado eles lutam para reaver o território. Este ano, ocuparam uma fazenda vizinha para protestar contra a morosidade do processo. Os quilombolas participaram ontem de um desfile em Sorocaba – o Dia da Consciência Negra não é feriado em Salto de Pirapora.

Estes são os primeiros decretos de áreas quilombolas que envolvem desapropriações (áreas que não são em terras públicas) no país. A partir daí é possível dar início ao processo de avaliação dos imóveis que, após a indenização aos proprietários, permitirá que as famílias utilizem o território e obtenham o título definitivo de suas terras. O título é coletivo, mas dá acesso às políticas públicas básicas, como o Bolsa Família, Programa Nacional de Fortale­cimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Desde 2003, quando o Incra assumiu a identificação, reconhecimento e demarcação dos remanescentes de quilombos, foram expedidos 59 títulos regularizando 53 territórios habitados por 4.133 famílias. Atualmente, existem 851 processos visando à identificação de 1,3 milhão de hectares, em benefício de 11.656 famílias. Só no estado de São Paulo são 45 processos em andamento. Entre os 30 novos quilombos, o mais populoso é o de Concei­ção das Crioulas, em Salgueiro (PE), com 750 famílias, e a menor comunidade é a de Preto Fôrro (RJ), com apenas 12 famílias.

Entidade luta contra ataques religiosos

Fórum quer combater a discriminação contra as religiões de matriz africana e medir a dimensão dos ritos afro-brasileiros no Paraná

Publicado em 20/11/2009 | Marcos Xavier Vicente

Representantes de religiões afro-brasileiras pretendem mapear as casas de umbanda e candomblé no Paraná e combater a discriminação, que impede muitos praticantes de expor suas crenças. Hoje, Dia Nacional da Consciência Negra e data da morte do líder negro Zumbi dos Palmares, será lançado o Fórum Paranaense de Religiões de Matriz Africana (FPRMA), com evento às 14 horas, no Instituto Edusol, em Curitiba. O objetivo do fórum é ampliar o debate sobre medidas que diminuam o preconceito contra os cultos de origem africana. Antes do lançamento, seguidores das religiões afro-brasileiras farão uma caminhada da Boca Maldita até a sede do instituto, às 9h30.

De acordo com o coordenador do fórum, Rômulo Barroso Miranda, o ogã Rômulo de Osaguian, seguidor do candomblé, as religiões afro-brasileiras ainda hoje são muito estigmatizadas. “Muitas pessoas ainda têm a mania de demonizar os cultos afro-brasileiros. Mas nem existe demônio na nossa religião”, afirma Miranda. A consequência disso é a intolerância religiosa. “É comum as casas serem apedrejadas porque algumas pessoas não aceitam nossos ritos, como o sacrifício de animais”, reforça o coordenador do FPRMA.


Além do lançamento do fó­­rum, a comemoração da Semana Nacional da Consciência Negra também integra uma exposição que se encerra hoje e inclui arte africana, orixás e fotografias, entre outros objetos, na sede do Instituto Edusol (Rua José Bonifácio, 15, na Praça Tiradentes, ao lado da catedral).



Núcleo

Aproveitando a data, o Instituto Federal de Educação do Paraná (IFPR) assina hoje a criação do Núcleo de Estudos Afro-Brasi­­leiros. O diretor de Inclusão Social e Meio Ambiente do IFPR, Valter Roberto Schaffrath, explica que o núcleo terá a participação de toda a comunidade acadêmica, bem como de outros membros da sociedade.

Entre as atribuições do núcleo está a elaboração das regras para a aprovação dos estudantes por cotas raciais e sociais no primeiro processo seletivo do instituto, a ser feito em fevereiro. “Além de definir o método a ser utilizado nas cotas do processo seletivo, o núcleo também servirá para debater e combater o racismo na instituição e na sociedade”, aponta Schaffrath.

Negros melhoram posição no mercado, mas ainda ganham menos que brancos
Um dos indicadores apontados pelo Dieese é o aumento da participação de negros em postos de direção, gerência e planejamento

20/11/2009 | 08:50 | Agência Brasil
As desigualdades entre negros e brancos no mercado de trabalho diminuíram de 2004 a 2008, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para seis regiões metropolitanas brasileiras. De modo geral, os números apontam maior inserção no mercado e crescimento real da renda em proporção maior que a dos brancos.

Um dos indicadores apontados é o aumento da participação de negros em postos de direção, gerência e planejamento. A ampliação do percentual de negros em postos de trabalho qualificados foi identificada pelo Dieese em Belo Horizonte, Recife e São Paulo. Em Salvador, o percentual se manteve estável e no Distrito Federal caiu. Os dados de Porto Alegre não apresentam esse recorte.

PM baiana continua a matança de jovens negros em Salvador

sexta-feira, 8 de outubro de 2010
PM baiana continua a matança de jovens negros em Salvador

Salvador/BA - André de Jesus Cardoso, de 22 anos, e Tiago Santos Silva, de 20 – os dois jovens negros mortos pela Polícia Militar baiana – foram enterrados nesta terça-feira (06/10) no Cemitério Municipal de Itapuã, em Salvador. Os dois, que pertenciam a banda de pop rock BKS, foram executados por policiais militares na madrugada do último domingo.
Depois do enterro, em clima de muita emoção e indignação, a família e amigos fizeram manifestação de protesto na Avenida Octávio Mangabeira, em frente ao 12º Distrito Policial, revoltados com a versão da Polícia de que os jovens teriam reagido a tiros a abordagem.
Segundo testemunhas, por estarem sem habilitação na condução de uma moto, ao serem abordados, assustados, tentaram fugir quando foram executados.
Segundo familiares das vítimas, o clima de medo e terror com as mortes se estendeu até o velório. Policiais à paisana teriam rondado o cemitério durante o enterro.

Pelas costas

Os tiros disparados foram pelas costas. Segundo uma testemunha, que não quis se identificar, Tiago parava a moto no local após um amigo que estava em outra motocicleta ter sido parado na blitz. Policiais teriam disparado nas costas de André, que estava na garupa da moto de Tiago. Depois de caídos, os policiais, segundo a testemunha, teriam executado os rapazes.
A versão da Polícia de que teria havido troca de tiros, segundo a família, é apenas uma tentativa de esconder a execução covarde. Tanto André quanto Tiago não tinham envolvimento com crime ou drogas. Tiago era gerente de uma barbearia no Alto do Coqueirinho e André garçom em um hotel de Salvador. Tiago deixa a namorada grávida de três meses.
O Comando da Polícia Militar da Bahia instaurou inquérito para apurar o crime, que deverá ser concluído em 40 dias, podendo ser prorrogado por até mais 20 dias. A PM anunciou que, neste período, os policiais serão retirados das ruas e cumprirão expediente administrativo, porém, não estão presos.

Mais dois

Policiais militares da PM baiana também são acusados de terem torturado e assassinado, em agosto passado, os jovens Ricardo José Matos Barbosa, 24 anos, e Gabriel Souza Lima, de 20, que teriam sido retirados de um táxi e mortos, segundo testemunhas.
O corpo de apenas um deles – Gabriel – foi encontrado em um matagal no Centro Industrial de Aratu, com sinais de tortura com os olhos arrancados, segundo a família. O corpo de Ricardo ainda não foi encontrado.

Postado por DJ VJ Koyrana Duo Jazz Fusion Bob Caê Ben às 13:46

Extermínio: Negros estão sendo dizimados nas favelas

Extermínio
Negros estão sendo dizimados nas favelas

18 de dezembro de 2010

Segundo pesquisa do Observatório de Favelas, a população negra está sendo chacinada no país.

Segundo o levantamento, o risco de um adolescente negro entre 12 e 18 anos ser assassinado no Brasil é quase quatro vezes maior que o de um garoto branco.

O estudo feito pelo Observatório de Favelas em conjunto com a própria Secretaria Nacional de Direitos Humanos, foi realizado a partir da análise de 266 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes. Nele, o IHA (Índice de Homicídios na Adolescência) por cor da pele, com base no ano de 2007, apontou que o risco de assassinato é maior para os negros em quase 80% dos municípios.

Em Maceió (AL), o risco de morte deste grupo chega a ser 53 vezes maior que aquele registrado entre os brancos. O estudo aponta ainda que a chance de morte entre adolescentes do sexo masculino é 9,5 vezes maior que em relação às mulheres de mesma idade. O estudo foi baseado em mortes provocadas por armas de fogos e outros meios violentos.

O estudo conclui que até 2013, o Brasil deve registrar o assassinato de 33 mil adolescentes em todo o país, em sua grande maioria negra.

A pesquisa revela por linhas tortas o que foi transmitido ao vivo pelas emissoras de televisão, onde a suposta “guerra ao tráfico” tinha e tem por finalidade reprimir a população negra e trabalhadora.

De repente, num piscar de olhos, quase meia dúzia de tanques de guerra invadiam as comunidades do Complexo do Alemão e tudo que a polícia fizesse era e é permitido.

Corpos ainda estão desaparecidos, ninguém sabe ao certo quem foram as vítimas da invasão de quase todas as forças armadas brasileiras. Os porcos comeram partes do corpo apodrecido de Davi Basílio Alves, jovem negro de 17 anos assassinado pela polícia na Vila Cruzeiro. Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, Davi era "soldado do tráfico" e seu corpo ficou abandonado "numa rua de terra da Vila Cruzeiro" por quatro dias.

Além dos corpos negros atirados em becos e matagais, há os que desapareceram, recolhidos pela própria polícia, que não tem como provar o envolvimento dessas pessoas assassinadas com o tráfico, e as enterra como indigentes, com a cumplicidade dos IML's. Os presos com vida, chegam mortos nos hospitais com tiros na nuca e sem sinal de resistência. E sempre as secretarias todas dizem que “vão apurar”

Quantos outros tantos negros no Brasil foram e são considerados “soldados do tráfico”? Segundo os dados, pesquisas e levantamentos: todos. E a campanha racista e facínora da imprensa e da direita brasileira no caso do Complexo do Alemão afirma categoricamente e sem qualquer pudor que negro não tem direito algum.

As chacinas e homicídios contra a população negra prosseguem ininterruptamente e sem punição dos porcos fardados, apesar da “demagogia”do governo Lula e dos governos estaduais, que investem em publicidade, turismo, ao preço de negros mortos. Aí está a SEPPIR - Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - que nada falou sobre o assunto, e onde já existe uma briga intensa para decidir quem vai desfrutar essa boquinha inoperante nos próximos quatro anos de Dilma, que, segundo ela mesma, vai investir em repressão policial.

O que as pesquisas demonstram é o que está em andamento há várias décadas ou mesmo séculos. Ou seja, uma tentativa clara que restringir ainda mais os direitos democráticos da população negra, restringindo liberdades como de ir e vir, ou mesmo, quando possível, executá-la impunemente e transmitido em tempo real.

Bacelar cobra políticas públicas para conter matança de jovens negros

O deputado estadual João Carlos Bacelar (PTN) cobrou hoje a ação do Estado para conter a matança - que considerou um verdadeiro genocídio - contra jovens negros pobres, moradores das periferias que ocorrem na Bahia.

Segundo Bacelar, são cerca de mil assassinatos nos primeiros quatro meses de 2010, quase quatro mil no ano passado e 14 mil mortes violentas desde que o governo Jaques Wagner tomou posse.
"Em outras partes do mundo, como a região conflagrada do deserto de Darfur, no Sudão, onde árabes pastoralistas enfrentam agricultores negros, a ONU registrou três mil mortes violentas em 2009, vítimas de uma guerra que levou o presidente do país, Omar Al Bashir a ser indiciado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio".

"Na Bahia, temos uma média de quatro mil assassinatos por ano e a assombrosa cifra de 14 mil assassinatos nos três anos e quatro meses do governo Jaques Wagner e nada acontece para reverter esse números. Só no último final de semana foram 12 assassinatos de jovens de idades variando dos 17 aos 29 anos, todos negros e moradores de áreas periféricas", protestou Bacelar.

Segundo o deputado, são vítimas que vão engordar as estatísticas do Mapa da Violência 2010 - Anatomia dos Homicídios no Brasil, do Instituto Sangari, que revela de 92% dos homicídios são de homens, a maioria - cerca de 40% das mortes - são de jovens com idades variando entre 15 e 24 anos, negros, pobres e de baixo índice educacional.

"Morrem proporcionalmente duas vezes mais negros do que brancos. Enquanto não houver uma solução para os problemas do jovem, não haverá solução para o problema da violência. E uma dessas soluções passaria pela educação".

"Estão matando os nossos jovens e o governo, ineficiente na área de Segurança Pública, nada faz sequer para minimizar os efeitos da violência, quanto mais na preservação dos jovens. Não há programa eficiente de educação, de lazer, de formação e qualificação profissional do jovem sobretudo carente, não há emprego, não há respeito".

"Não há o que o jovem fazer nas periferias abandonadas pelos poderes públicos, daí o envolvimento deste com as drogas, o aumento da violência, da falta de políticas de reparação, da falta de oportunidades", encerrou Bacelar.

Fonte: Walcordeiro

Homicídios no Brasil se concentram em homens, jovens, negros e pobres

30/03/2010 - 17h17
Homicídios no Brasil se concentram em homens, jovens, negros e pobres
Publicidade da Agência Brasil

Homens com idade entre 15 e 24 anos, negros e pobres são as maiores vítimas de violência no Brasil. A conclusão consta do estudo Mapa da Violência 2010 - Anatomia dos Homicídios no Brasil divulgado nesta terça-feira em São Paulo pelo Instituto Sangari, que analisa dados coletados entre os anos de 1997 e 2007.

Homicídio cai nas capitais e aumenta no interior

Segundo o estudo, em mais de 92% dos casos de homicídio no Brasil as vítimas são homens. Em 2007, por exemplo, para cada mulher vítima de homicídio no país, morreram 12 homens. Neste mesmo ano, faleceram 3.772 mulheres e 43.886 homens.

Os maiores índices de mortes violentas também estão concentrados na população jovem, entre 15 e 24 anos. Só no ano de 2007 mais de 17,4 mil jovens foram assassinados no Brasil, o que representou 36,6% do total ocorrido no país.

O Estado que apresentou o maior crescimento na taxa de assassinatos de jovens entre 1997 e 2007 foi Alagoas, que passou de 170 mortes em 1997 para 763 mortes dez anos depois (crescimento de 348,8%). Por outro lado, São Paulo foi o estado que apresentou a maior queda (-60,6%), passando de 4.682 mortes em 1997 para 1.846 óbitos em 2007.

As maiores vítimas de violência no país também são os negros. Morrem proporcionalmente duas vezes mais negros do que brancos no Brasil. Enquanto o número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 14.308 entre os anos de 2002 e 2007, o de negros cresceu de 26.915 para 30.193.

"Temos um personagem das vítimas que coincide no Brasil com quem os vitima. Vítimas e algozes compartilham da mesma estrutura. Quem é esse nosso personagem? É um jovem entre 15 e 24 anos, provavelmente na faixa de 20 a 23 [anos], morador de periferia urbana, pobre, de baixo índice educacional, homem, e que, por motivos culturais, fúteis e banais, mata o outro", explicou o pesquisador e sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari.

Segundo ele, a história de violência no Brasil é demonstrada pela matança de sua juventude e pode ser explicada por um aspecto cultural. "[A matança de jovens] não é natural porque em metade dos países do mundo a taxa é de menos de um homicídio para cada 100 mil jovens. E nós temos 50. Ou seja, é cultural. Se fosse natural teria que estar em todos os países do mundo", afirmou.

De acordo com Waiselfisz, enquanto não houver uma solução para os problemas do jovem no Brasil, não haverá solução para o problema da violência. E uma dessas soluções, segundo ele, passaria pela educação. "Pela dimensão continental, penso que a nossa estratégia é notadamente educacional. A escola tem um papel muito grande, primeiro porque a própria escola é um foco de violência. E essa violência está, nesse momento, desestimulando os estudos", disse ele.

Alta na mortaçidade de jovens negrros

Em Alagoas, 39 moradores de rua assassinados em 2010; Bahia registra violência contra jovens negros.
08/01 às 20h17 Odilon Rios; Agência A Tarde

MACEIÓ e SALVADOR - Só no ano passado, 39 moradores de rua foram assassinados em Alagoas, e os crimes ainda não foram esclarecidos. Depois da pressão do Ministério Público Estadual, da Polícia Civil e da imprensa, desde dezembro de 2010 não foi registrada qualquer morte.

- O dono de uma sorveteria ameaçou um morador em dezembro. Disse que ele não ficaria vivo. O ameaçado procurou o Ministério Público. Chamamos a imprensa. O dono da sorveteria voltou atrás, chamou o morador de louco. A pressão ajudou - disse o promotor da área de Direitos Humanos do MP, Flávio Gomes da Costa.

Segundo ele, seis pessoas foram presas, acusadas pelos crimes, e não ficou constatada a ação de grupos de execução. Costa cobra compromisso dos gestores com populações de rua.

A polícia descarta crimes de execução. Acredita em "ações isoladas" ou brigas por causa de drogas. Em 83% dos casos, segundo o delegado-geral adjunto, José Edson, as vítimas tinham envolvimento com drogas.

A maioria dos moradores de rua perambula pela área nobre da capital alagoana. Os dados chamaram a atenção porque Maceió está, desde 2007, à frente da estatística nacional de homicídios, segundo o Mapa da Violência do Instituto Sangari.

- A explicação deve vir da investigação. Existem ou não grupos de extermínio? Depois da divulgação, os assassinatos pararam. A polícia alega que os moradores eram envolvidos com drogas, mas eles não deixaram de ser gente. Tem que existir apuração - diz o presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Everaldo Patriota.

Na Bahia, aberto inquérito para investigar grupos de extermínio
Em Salvador, a Procuradoria da República na Bahia (PR-BA) instaurou inquérito civil público para investigar a atuação de grupos de extermínio, com suspeita de envolvimento de policiais militares.

Não há estatísticas oficiais sobre assassinatos cometidos por grupos de extermínio na Bahia. Mas integrantes do Movimento Negro Unificado (MNU) denunciam a matança de jovens negros promovida por esquadrões da morte. O escritor Hamilton Borges Walê, coordenador da campanha Reaja ou Será Morto, responsabiliza o governador Jaques Wagner, por ter extinguido o Grupo Especial de Repressão a Crimes de Extermínio (Gerce), e diz que o secretário de Segurança, César Nunes, faz apologia à matança.

O secretário rebate:

- Investigamos todos os homicídios, inclusive os praticados por grupos de extermínio, com a participação de policiais ou de qualquer outra pessoa - diz Nunes, alegando que o grupo foi extinto porque não estava dando resultados.
Pesquisa mostra que número de negros assassinados é o dobro de brancos
12/11/2009
Em depoimento à CPI da Violência Urbana, o economista Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, divulgou estudo que mostra que o número de negros assassinados no Brasil é duas vezes maior que o de brancos, apesar de cada grupo representar cerca de metade da população do País.

A conclusão é baseada em dados do Sistema Único de Saúde (SUS) referentes aos anos de 2006 e 2007. Nesses dois anos, cerca de 60 mil negros foram assassinados e cerca de 30 mil brancos. As pesquisas mostram que entre as crianças e jovens de 10 a 24 anos se constata a maior diferença entre os homicídios de negros e brancos.

Marcelo Paixão afirmou que os jovens negros estão mais expostos e que as desigualdades só aumentaram nos últimos anos.

"É preciso identificar que as causas disso estão relacionadas ao racismo institucional, às políticas de segurança pública que ainda entendem a população negra como inimiga do estado, à baixa qualidade da escola desses jovens, que está relacionada com uma maior exposição à pobreza; quer dizer, é um círculo de desgraças".

Ele afirmou que o atual governo não tem disposição política para enfrentar o racismo nas políticas de segurança pública.

Para o deputado Luiz Alberto (PT/BA), autor do requerimento de convocação do depoente, o atual governo não adota políticas de cunho racista. Ele sustentou que as instituições brasileiras foram forjadas em uma história de escravidão, e, portanto, foram contaminadas por uma visão racista da sociedade brasileira.

Auto de resistência

A presidente do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia, Vilma Reis, trouxe à comissão um dossiê elaborado pela campanha "Reaja ou será morto, reaja ou será morta".

A campanha, iniciada em 2005 na Bahia, denuncia a matança de jovens, na sua maioria negros, por agentes do Estado e paramilitares.

Ela lembrou que, a partir de 1969, com a vigência do AI-5, as polícias militares passaram a utilizar o chamado "auto de resistência" como o álibi para a prática de assassinatos, sob pretexto de resistência à autoridade policial.

Ela estimulou a CPI a instigar os três Poderes a acabarem com o auto de resistência, o que para ela tiraria o álibi de policiais que se sentem livres para matar com a certeza de que não vão ser investigados.

"O auto de resistência, no nosso entendimento, é uma licença para matar, porque as pessoas estão sendo executadas sumariamente, sem qualquer chance de defesa. Quando a perícia é feita, é verificado que essas pessoas estavam em baixo de cama, dormindo, que a casa foi destelhada, que a casa foi invadida, e elas morreram com um tiro de misericórdia".

Segundo Vilma Reis, os assassinatos de negros se estendem a Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás e outras metrópoles do País.

Ela denunciou também os programas regionais de televisão que violam direitos humanos ao expor pessoas sob custódia do Estado à execração pública, promovendo sua condenação sem que tenham sido julgadas. Em sua opinião, a proibição a esses tipos de programas não é censura.

A presidente defendeu ainda que os recursos do Pronasci não sejam utilizados na compra de armamentos, viaturas e construção de novos presídios.

(Fonte: Agência Câmara)