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sábado, 12 de novembro de 2011

O retrato da Violência Doméstica

O tempo médio que uma mulher passa numa relação violenta é de oito anos.

As mulheres mais jovens tendem a abandonar tal tipo de relação mais cedo.

Estudos sugerem um jogo consciente de fatores que propulsionam as mulheres a deixarem uma relação abusiva: a violência torna-se mais severa e desencadeia uma certeza interna de que o homem não vai mudar de atitude; ou então, a violência começa a atingir as crianças de uma maneira cada dia mais grave.

As mulheres também citam a ajuda logística e emocional da família ou de amigos como fatores importantes nas suas decisões de deixar maridos/companheiros.
Sair de uma relação abusiva é um processo longo e dolorido.

O processo geralmente inclui períodos de recusa, negação, sentimentos de culpa e resistência, antes que as mulheres reconheçam o abuso físico e emocional como um padrão do relacionamento e se identifiquem com outras mulheres na mesma situação.

Este é o começo da quebra da conexão e da recuperação destas mulheres.

Muitas delas, na maioria dos casos, vão-se embora antes que a violência atinja um grau de fatalidade.

Pesarosamente, sair de casa não garante necessariamente a segurança de uma mulher.

Às vezes, a violência continua e pode inclusive aumentar depois que a mulher deixa seu parceiro.

De fato, o risco de uma mulher ser assassinada é maior imediatamente depois da separação.

Pesquisas no Brasil sugerem que a violência de gênero aparece, freqüentemente, como parte dos "papéis sexuais" e/ou "de gênero" nos quais a violência é considerada justificável pelos homens, quando as mulheres mantêm uma relação extraconjugal ou quando não cumprem com o que é reputado como sendo suas "responsabilidades domésticas".

Alguns homens acreditam que podem recorrer à violência quando lhes são negados os "benefícios" de uma sociedade fundamentalmente patriarcal.

A violência de homens contra mulheres está profundamente associada ao modo como os homens são socializados.

Uma vez que os meninos são geralmente ensinados a reprimir emoções, a raiva torna-se um dos poucos sentimentos que os homens podem expressar com expressa aprovação da sociedade.

Além disso, durante o processo de socialização, muitos homens não desenvolvem habilidade de comunicação interpessoal adequada às relações pautadas pelo diálogo.

Podemos acrescentar, a isso, o fato de os meninos serem freqüentemente educados de forma a acreditar que têm o direito de esperar determinados comportamentos das mulheres, bem como de poder utilizar abuso físico, verbal ou qualquer outra forma de violência, caso elas não cumpram com suas "obrigações", como cuidar da casa ou prover sexo.

A violência de homens contra mulheres é também frequentemente associada à tensão decorrente de dificuldades econômicas ligadas à provisão familiar. Ao se depararem com a impossibilidade de cumprir com o tradicional papel de provedores, alguns homens recorrem à violência na tentativa de reafirmarem o "poder masculino".

Homens que não desenvolvem outros modelos de identidade podem ser mais suscetíveis a recorrerem à violência em suas relações íntimas.



quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A Comissão Pastoral da Terra do Maranhão vem, por meio deste, comunicar mais um ato de violência contra uma comunidade tradicional maranhense.

Em 30 de setembro de 2011, as 48 famílias camponesas da comunidade Carro Quebrado, município de Miranda do Norte –Ma, relataram os seguintes fatos a CPT Coroatá:
Que nos dia 26.09.2011 e 27.09.2011, 6 (seis) homens ingressaram na área de plantio da comunidade Carro Quebrado, para executar um trabalho de roço, acompanhados por 4 homens armados com pistolas, sendo que estes davam cobertura aos invasores, a mando do latifundiário Raimundo Carneiro; que no dia 28.09.2011, as famílias de Carro Quebrado impediram que os invasores continuassem a realizar qualquer tipo de trabalho na área de posse das famílias. Os camponeses exigiram a presença do fazendeiro Raimundo Carneiro na localidade, contudo, compareceu o gerente de uma das fazendas do mandante, por nome de Abraão, que afirmou às famílias que era advogado e que iria negociar com as famílias, sendo que estas não aceitaram. Por volta de 15:30 h do mesmo dia, o latifundiário Raimundo Carneiro chegou à comunidade, acompanhado por 8 homens fortemente armados com armas do tipo Pistola ponto 40, Pistola 765, todas automáticas. O latifundiário Raimundo Carneiro ameaçou as 48 famílias, afirmando que expulsaria as famílias, alegando que necessitava da terra, visto que os camponeses não pagavam renda ao latifundiário. O latifundiário Raimundo Carneiro afirmou que poderia ceder uma pequena parcela da terra para as famílias. Afirmou ainda que se as famílias não aceitassem a pequena parcela de terra, “quem iria resolver o problema era o gerente Abraão e o que ele fizesse estava feito.” Nesse momento um jagunços falou que no dia seguinte os invasores dariam continuidade no trabalho de roço e que “para resolver o problema, bastava matar uns quatro que tudo seria resolvido.” Ao se retirarem do local, o latifundiário Raimundo e seu bando armado avisaram que o prazo do acordo seria findado em 04.10.2011 (terça-feira próxima) e nesse mesmo dia, o latifundiário Raimundo afirmou que todos sairão da sua terra. No retorno ao município de Miranda do Norte, anunciaram no Comercial São João, nas imediações do povoado, que com a morte de alguns, tudo seria resolvido, segundo o gerente Abraão.
As famílias estão apreensivas, temendo por atos de violências contra suas integridades. O morador mais antigo da localidade tem mais de 80 anos, e o povoado tem registro de aproximadamente 120 anos.
Requer-se, deste forma, que a Ouvidoria Agrária Nacional requeira, urgentemente, reforço policial na área em questão, oficiando-se aos órgão de segurança, em especial, ao Comando Militar Agrário e à Delegacia de Crimes Agrários, visto que o território de Carro Quebrado poderá ser invadido na próxima terça-feira.


Diogo Diniz Ribeiro Cabral
OAB/MA nº 9355
Advogado CPT/MA
Pe. Inaldo Serejo
Coordenador CPT/MA
Antonia Calixto de Carvalho
Coordenação da CPT/Diocese de Coroatá

POR: Ana Nery C. Lima

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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mais um negro é executado na democracia de Barack Obama

Na quarta-feira, 21 de setembro, mais um negro foi injustamente executado pelo estado norte-americano.


Manuela Moraes, de Bauru (SP)





Troy Davis, executado nos EUA dia 21 de setembro

• Após vinte anos de espera no corredor da morte, e das inúmeras tentativas de provar sua inocência, Troy Davis foi executado pelo Estado norte-americano com uma injeção letal, apesar de todos os protestos ao redor do mundo e da falta de provas conclusivas sobre sua culpa.

O perfil de Troy Davis o condenou. Negro e pobre, ele tinha 42 anos e era acusado de ter assassinado o policial branco, Mark MacPhail, em 1989, na cidade de Savannah, estado da Georgia. O caso de Davis é apresentado por sua defesa como o de um negro condenado injustamente pela morte de um branco já que, das nove testemunhas ouvidas no julgamento, sete voltaram atrás em seus depoimentos, afirmando terem sido coagidas e intimidadas pela polícia. As duas testemunhas que mantiveram as declarações iniciais eram policiais. Além disso, não existem provas materiais contra Davis, o que seria suficiente para impedir a aplicação da pena de morte, segundo a posição do próprio Conselho de Perdões e Livramentos Condicionais da Geórgia.

Mais de 300 protestos foram convocados nos EUA e 1 milhão de assinaturas foi recolhido contra a execução de Troy, e mesmo com todos os pedidos, o presidente Barack Obama se recusou a intervir no caso. A Justiça norte-americana, com total apoio da direita conservadora, tem mantido inúmeros negros no corredor da morte através de processos conduzidos irregularmente.

Um dos casos mais conhecidos é o do ex-militante dos Panteras Negras, Mumia Abu-Jamal. O jornalista, do estado da Filadélfia, conhecido pelo programa de rádio ‘A voz dos sem-voz’ foi acusado de matar o policial que espancava seu irmão, em 1981. Ele foi condenado à morte, mas teve a pena revertida para prisão perpétua após inúmeros questionamentos sobre as irregularidades cometidas durante o julgamento e a investigação do caso. Apesar do esforço das autoridades em tratar Abu-Jamal como um preso comum, ele é mais um dos muitos presos políticos mantidos ilegalmente pela Justiça norte-americana.

Racismo e Pena de morte
A pena de morte nos Estados Unidos é oficialmente permitida em 36 dos 50 estados, bem como no governo federal. Os EUA são o segundo país onde mais pessoas são executadas anualmente, perdendo apenas a China.

Segundo o Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais (IEEI), desde 1976, apenas 11 brancos foram executados por terem assassinado negros, e 161 negros foram executados por terem assassinado brancos, embora os crimes de brancos contra negros sejam mais comuns do que o contrário. Os estudos também revelam que 43% dos presos no corredor da morte são negros, número bem maior que a porcentagem de negros no país, que corresponde a 13% da população norte-americana. Os dados oficiais mostram como a raça influencia na aplicação da pena de morte e a execução de Troy Davis deixa claro o papel do presidente Obama na democracia racial norte-americana.

A luta internacional contra a condenação de Troy Davis, assim como pela liberdade de Abu-Jamal e de outros presos negros inocentes, também é uma campanha contra a opressão cometida pelo governo de Barack Obama e pela justiça burguesa contra a população negra e pobre.

Fonte: http://pstu.org.br/internacional_materia.asp?id=13423&ida=0

Dez anos da lei de Cotas Raciais no Brasil

O sistema de reserva de vagas para negros em universidades públicas completa uma década de polêmica.

Correio do Brasil

O sistema de cotas para os que se consideram negros e pardos ingressarem nas instituições públicas de ensino completa uma década de existência no Brasil. A primeira lei, a 3.708/01, foi implantada no Rio de Janeiro, e assegurou 40% das vagas aos estudantes afrodescendentes em escolas de ensino superior do Estado.



Hoje, são cerca de 110 mil cotistas negros em 32 universidades estaduais e 38 universidades federais de todo o país. Para ser beneficiado com o sistema de cotas, o aluno deve se declarar como negro ou pardo e provar com fotos anexadas à matrícula.



As cotas são ações que visam dar oportunidades a grupos menos favorecidos na sociedade ou que tenham sido prejudicados no passado. A cota racial, especificamente, é uma compensação que o Estado oferece aos afrodescendentes pelos maus tratos sofridos pelos seus antepassados na história do país.



Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, em 2006, mostra que 65% dos brasileiros são favoráveis à reserva de um quinto das vagas nas universidades para negros e descendentes. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, divulgada em 2009 pelo IBGE, 50,6% dos brasileiros se declaram pretos e pardos.



Análise positiva

Os dez anos de existência do sistema de cotas raciais para ingresso em universidades públicas brasileiras foi tema de debate no último dia 19, em Brasília. Senadores, militantes e especialistas, membros da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, concluíram que, depois de uma década, a ação se mostrou “bem sucedida, ao promover significativa e relevante inclusão da população negra brasileira no ensino superior público”. A informação é da agência Senado.



Para os participantes, as ações são “um instrumento legítimo para a busca da ‘igualdade material’ preconizada pela Constituição de 1988”. No encontro, o diretor-executivo da organização não governamental Educafro, frei David Santos, afirmou que o sistema de cotas “não aumentou o racismo nas universidades e a qualidade acadêmica não foi prejudicada”. Baseado em pesquisas, Santos também disse que o desempenho acadêmico dos cotistas não é inferior ao dos não cotistas.



Resultado ainda longe do ideal

Dentre as ações afirmativas, a cota racial, por ser a mais polêmica, ajudou a promover o debate. O fato é positivo, segundo o coordenador do departamento de educação do Moconevi (Movimento da Consciência Negra do Vale do Itapocu), Luís Fernando Olegar, 41 anos. Para ele, a medida gerou discussão e possibilitou a troca de informações.



Luís Fernando considera o preconceito contra afrodescendentes e o sistema de cotas resultado da falta de informação. “As pessoas não têm acesso à educação de forma igualitária”, explica o diretor, que já trabalhou em duas instituições em bairros de classes sociais bem diferentes. “Enquanto as crianças de uma escola tinham em casa acesso à internet, TV a cabo, viajavam para outras cidades e conheciam lugares dos quais tinham aprendido na sala de aula, as outras só tinham como o passeio do ano uma ida ao shopping, quando a escola as levava”, conta.



Para o professor, as cotas raciais são um “reparo necessário, um caminho inverso ao mal feito aos negros ao longo da história do Brasil”. O educador entende o argumento de alguns grupos, inclusive da própria comunidade afrodescendente, sobre a importância de cotas para os menos favorecidos economicamente e não somente para os de cor escura. Porém, ele acha imprescindível o benefício para os negros devido ao racismo. “Os negros sofrem preconceito não pela classe social ou pelo currículo. Na hora de uma entrevista para emprego, o fenótipo é o que conta. As pessoas são escolhidas pelo que mostram, pela cor e pelos traços”, defende.



Segundo o educador, quanto maior o nível de formação acadêmica do negro, mais ele sofre racismo. “O peso é maior. Há mais cobrança para os que não tinham vez, principalmente os cotistas”, afirma. “As cotas permitem a ascensão social de um grupo étnico cuja maioria não tem oportunidade de crescer na vida”.



A falta de representatividade

Além do desenvolvimento social dos afrodescendentes, o coordenador considera a visibilidade um fator importante na luta contra o racismo. “Se a criança não vê professores, médicos, empresários, enfim, pessoas bem sucedidas da mesma cor, ela aprende que aquilo é normal e cresce inconscientemente com um sentimento de inferioridade” explica. “Você não se enxerga, não se sente representado”.



Apesar de toda a mobilização dos movimentos que lutam pelos direitos de igualdade dos afrodescendentes, a disseminação de sua cultura e a formação de lideranças, para Luís Fernando, a mudança social foi pequena após uma década de cotas raciais. O professor dá um exemplo da discriminação em exercícios feitos em sala de aula com os alunos: “há dez anos, pedia para as crianças procurarem em revistas pessoas negras. Encontravam poucas. Hoje, fico assustado aos constatar que isso não mudou”, conta. “Mesmo os pretos e pardos serem praticamente metade da população brasileira, a representatividade na mídia ainda é muito pequena”.



Luís Fernando espera que um dia as cotas raciais, e qualquer tipo de cota, não sejam mais necessárias. “O ideal é que deixem de existir e todos vivam em condição de igualdade”, conclui.

fonte: http://www.institutoluizgama.org.br/





Por: Ana Nery C. Lima

skype: ananery.lima

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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

C O N V I T E- Hip Hop na Veia

O Fórum de Juventude Negra do Estado do Maranhão convida V.S.ª para participar do projeto Hip Hop na Veia, que tem como objetivo criar oportunidades de igualdade entre jovens de 15 a 29 anos de idade, que possam despertar para o protagonismo de forma coletiva e solidária.

O Fórum Maranhense de Juventude Negra tem como objetivo central promover um intercâmbio entre os grupos, coletivos, organizações e atuantes da juventude negra. As atividades realizadas pelo Fórum integram a Campanha Nacional contra o Genocídio/Extermínio da Juventude Negra, coordenada pelo Fórum Nacional de Juventude Negra visando gerar em dimensão midiática, a sensibilização da sociedade às ações de combate e prevenção da violência racial destinada à Juventude Negra por meio discussões temáticas, promoção de eventos e atividades em diversas áreas com o propósito colaborar para o protagonismo juvenil dos afro descendentes no Estado.

Data: 02/10/2011
Local: Praça da Criança (Lagoa Amarela)/Esquina da Rua da Estrela com a Rua de Nazaré - Praia Grande - São Luís/MA.
Realização:Fórum de Juventude Negra do Maranhão

Inscrições: millenny@bol.com.br

NOME:
ENDEREÇO COMPLETO:
E-MAIL/CONTATO:
OFICINA ()BREAK ()GRAFFITE ()DISCOTECAGEM




Saudações Afro Juvenis Revolucionárias!

Cássia Clovié-Graduanda de Química Industrial-UFMA,Assessora de Gestão de Pessoas-QUARQI Jr.,Assessora de Comunicação e Informação do FOEJUNE-MA,Executiva da ANEL-MA, CSP-ConLutas e Quilombo Raça e Classe.
Contatos: 98 81650328 / millenny_millyzinha@hotmail.com

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Miss Universo e as Mulheres Angolanas: Nada em Comum.

No dia 12 de setembro, o mundo olhou para o concurso de beleza que elege a mulher mais bela do universo. Segundo sua auto-apresentação, este histórico concurso, que hoje é dirigido pela Miss Universe Organization, de propriedade de Donald Trump, conhecido milionário norte americano, busca avaliar além da beleza das mulheres, suas “capacidades de liderança e inteligência”, para difundir valores como a paz pelo mundo.

Essa concepção do concurso foi se transformando ao longo dos anos de uma possibilidade de ingresso no mundo das celebridades de Hollywood (este era o prêmio das edições do meio do século para cá) para a “luta” pela paz ao redor de nosso planeta. Perguntamos, no entanto, por que tanta rigorosidade estética para se escolher uma mulher capaz de difundir a paz? E mais, perguntamos onde estiveram as Misses Universo sob o acontecimento de guerras tão questionadas pelo mundo, como a invasão norte americana no Iraque e no Afeganistão?

O concurso em questão reforça e difunde a idéia de que as mulheres devem ter um padrão de beleza e ainda demonstra que, na sociedade machista em que vivemos, quando se trata de avaliação física e estética, as mulheres podem ser protagonistas, em outros momentos, é muito difícil existirmos como figura central.

Esta última edição recebeu uma atenção particular do Brasil. Em primeiro lugar, porque sediou o evento e depois porque a Miss Brasil chegou muito perto do título, ficando em terceiro lugar. A Miss Brasil é eleita ao disputar o título com as representantes de todos os estados brasileiros. Para se eleger a Miss de algum estado, há uma disputa entre diversas garotas de cada estado. Atentamos para um fato curioso de que as meninas que concorreram para o título de Miss Bahia eram em sua maioria garotas brancas, em um estado que é majoritariamente negro.

Apesar de a Miss Universo de 2011 ser negra – fato que ocorre pela 3° vez – não há como não reconhecer um padrão de beleza que é perseguido na avaliação das meninas que concorrem ao título. A maior parte das concorrentes e das vitoriosas ao longo da história são mulheres brancas, com um padrão marcadamente europeu, o que é expresso no caso acima citado em relação à eleição da Miss Bahia e mesmo pela quantidade de mulheres negras que venceram o concurso ao longo da história.

Ainda assim, o impacto da vitória de uma negra sobre as mentes mais conservadoras é bastante forte. Assim que anunciada a vitória de Leila Lopes, representante de Angola, a internet foi palco de declarações absurdamente racistas e fascistas contra a recém vitoriosa do concurso. Repudiamos veementemente esse tipo de prática.

No entanto, reconhecemos que o racismo que a atual miss Universo sofreu não passa nem perto do racismo e da humilhação que sofrem a maior parte das mulheres angolanas. Toda a Imprensa saiu em defesa de Leila Lopes e até denunciou as declarações racistas. No entanto, nenhuma imprensa defende ou se preocupa com a situação das mulheres angolanas, cujo índice de desemprego atinge 79%. A Miss Universo não é analfabeta como as 70% de mulheres de seu país. A cada 100 mil bebês que nascem no país, cerca de 1500 mães morrem, em função das péssimas condições de saúde e saneamento básico de Angola. Leila Lopes dificilmente passará por isso.

Essa situação é conseqüência de séculos de opressão e exploração do povo negro angolano, que hoje está em várias partes do mundo tendo sua mão de obra super explorada pela sua condição de negros e imigrantes, fato agravado ao se tratarem de mulheres.

A vitória da angolana no concurso de beleza mais conhecido do mundo reflete um abismo cruel entre a situação da maior parte das mulheres angolanas, trabalhadoras e pobres e uma ínfima minoria que pode ter tudo o que quer, inclusive a coroa da Miss Universo. Apesar de também estar submetida ao racismo, Leila Lopes está muito mais “protegida” do que as mulheres angolanas.

Fonte: Visite o blog do Movimento Mulheres em Luta e confira:

http://mulheresemluta.blogspot.com/2011/09/qual-e-o-lugar-das-lutas-das-mulheres.html
http://mulheresemluta.blogspot.com/2011/09/chega-de-sufoco-basta-de-violencia.html

sábado, 17 de setembro de 2011

Estatuto da igualdade racial: a aprovação de uma farsa.

Projeto marca um retrocesso nas reivindicações históricas do movimento, como a política de cotas

Foi com entusiasmo que o ex-ministro da Igualdade Racial Edson Santos celebrou a aprovação do Estatuto da (des)Igualdade Racial pelo Senado. Mas não há nada o que comemorar, pois o texto não representa as reivindicações históricas do povo negro. O estatuto, durante o tempo em que tramitou no Congresso, sofreu ataques da direita e de setores burgueses até ser aprovado totalmente diferente do projeto original.


O fato revela o cinismo e a perversidade da burguesia racista, herdeira econômica, política e culturalmente dos escravocratas, que pretende continuar mantendo a exploração, a opressão e a humilhação da população negra.


A expectativa era de que o Estatuto da Igualdade Racial fosse um instrumento que de fato contribuísse para enfrentar a discriminação racial. E que também estabelecesse políticas de ações afirmativas para garantir os direitos essenciais dos afrodescendentes vitimados pelo processo de histórico de escravidão.


No entanto, o que poderia ter sido um avanço não passou de um acordo entre o PT, através do senador Paulo Paim (RS), a SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e representantes do agronegócio e ruralistas, por meio do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator na Comissão de Constituição e Justiça.


Assim, o estatuto aprovado é a síntese mais fiel da aliança de forças nacionais que representa o governo Lula. A secretaria de igualdade racial deste governo nada fez de concreto para reduzir as desigualdades raciais no Brasil. Ao contrário, não passou de acessório, de uma simbologia racial para cooptar parte da militância negra.


Desta forma, o estatuto aprovado suprimiu pontos importantes como as cotas para negros nas universidades públicas, o que não nos causa espanto, pois o relator defende as “cotas sociais” e não raciais, e que o acesso à universidade deve ser baseado no “princípio do mérito e da capacidade de cada um”.


Da mesma forma, foram suprimidas as cotas do mercado de trabalho, assim como a redução do percentual de 30% para 10% de cotas reservadas à participação de negros em partidos políticos.


Outro aspecto importante excluído do texto original foi o que tratava da regularização de terras para remanescentes de quilombos, um erro muito grave. A retirada deste tema não considera os quilombolas como proprietários de territórios historicamente ocupados, como forma de sobrevivência física e cultural desta população. Acrescentou-se a esse documento o incentivo fiscal que o governo poderá dar a empresas com mais de 20 funcionários que decidirem contratar pelo menos 20% de negros.


Há ainda neste estatuto erros gravíssimos do ponto de vista conceitual, a exemplo da retirada das categorias raça, escravidão e identidade negra. No que se refere a raça, o argumento utilizado enfatiza que do ponto de vista genético as raças não existem. No entanto, como conceito social, esta categoria ganhou um novo significado através do movimento negro e por intelectuais de várias áreas de conhecimento. O sentido é o de deixar clara a hierarquização da sociedade brasileira, na qual os grupos étnicos foram e são marcados por profundas desigualdades e discriminações.


Na mesma direção, foi rejeitado o termo escravidão, pois ele foi considerado como tradicional e inadequado, pois se trata de algo do passado. Como a sociedade brasileira está em transição, emergindo para uma sociedade democrática, com propostas de ações afirmativas que visam acabar com as desigualdades sociais, “escravidão” não seria o termo mais adequado.


Ora, a escravidão do negro no Brasil durou quase quatrocentos anos, em contraste com apenas 122 anos de trabalho livre, o que constitui uma prolongada experiência histórica que até hoje deixa marcas profundas nessa população, tanto no que se refere ao acesso aos bens materiais e culturais, como na dificuldade de construção da identidade étnica.


Não restam dúvidas que o Estado brasileiro tem uma dívida histórica com o povo negro. O estatuto seria uma forma de buscar assegurar direitos políticos, econômicos, sociais e culturais desta população, através de uma política de ações afirmativas que dessem conta das demandas históricas.


Precisamos desfazer os mitos junto à população submetida à miséria, à violência cotidiana e aos programas assistencialistas, que reiteram a subalternidade e retiram a dignidade do ser humano. Assim como o significado do governo Lula, que tem suas raízes no movimento operário, que confirma as políticas racistas e reacionárias do DEM, impossibilitando o acesso da juventude à educação superior, da população negra a políticas de saúde diferenciadas, dos remanescentes de quilombo à terra.


Somamo-nos às 24 organizações do movimento negro que se manifestam contra a versão atual do Estatuto da Igualdade Racial, esvaziado de conteúdo de justiça racial. O estatuto aprovado não tem força de lei, foi rebaixado, tendo o caráter de apenas autorizar e não determinar, fazer cumprir. Isto fica visível inclusive com a retirada de recursos para sua execução pelos gestores, que não são obrigados a colocarem-no em prática.


O estatuto está na contramão dos avanços nas lutas institucionais do movimento negro contra o racismo, a exemplo da política de cotas implementada em muitas universidades públicas.


Conclamamos a juventude, as trabalhadoras e os trabalhadores negros para a luta contra a dominação racista, contra a exploração, por melhores condições de trabalho e de existência, para que reine a liberdade e as diferenças sejam respeitadas. Em defesa das cotas para negros nas universidades públicas! Pela titulação de terra aos remanescentes de quilombos!

Por: Cláudia Durans, docente da UFMA, e Hertz Dias

fonte: Jornal "Opinião Socialista"

Cadê a liberdade e a igualdade racial?!

“Num país onde milhares de trabalhadores negros e nordestinos são escravizados...”.


13 de Maio-Dia da libertação dos escravos, na visão do povo negro, ainda hoje vêem como concessão da Redentora (Princesa Isabel), este fato histórico não pode ser explicada apenas como resultado da propaganda das classes proprietárias. As elites sempre usaram esse dia para dizer que era uma vitória para as classes trabalhadoras escravizadas o fim do cativeiro e dos castigos corporais.
Mas sabemos que o estado brasileiro e as elites têm uma divida histórica econômica, cultural, social e moral com os afro-brasileiros, pois usaram a mão-de-obra dos trabalhadores escravos: e não pagaram direitos sociais como aposentadorias, e nem salários a milhões de homens e mulheres seqüestrados da África, como os povos originários (índios), no passado.
A escravidão foi a forma mais lucrativa para os capitalistas e foi o modelo de trabalho mais perverso da humanidade, que redeu muita riqueza para o tesouro nacional e as classes ricas e latifundiárias da época.
O movimento negro na década de 90 passou a comemorar o 20 de novembro – dia nacional da consciência negra – morte de Zumbi e o fim do quilombo de Palmares como uma resistência do povo negro versus ao 13 de maio que é visto como uma falsa abolição , é um dia que repudiamos nossos governos e os patrões que até hoje super-exploram e oprimem a classe trabalhadora principalmente negras e negros.
Já se passaram 122 anos da Abolição da escravatura, mas na realidade não se aboliu a exploração e a opressão do sistema capitalista, segundo os dados do Ministério do Trabalho ainda há mais de 24 milhões de trabalhadores em situações no mundo do trabalho análogas à escravos, porém esse fato que é comprovado pelos órgãos fiscalizadores, não são passíveis de soluções rápidas pelo estado brasileiro.
A partir de 1995 o Ministério do Trabalho resgatou mais de 36 mil trabalhadores em situação análogas a de escravos no campo e nas cidades sendo vitima dos patrões e da conivência da Justiça e dos governos.
Os maiores escravocratas são as empresas que exploraram negócios na Amazônia legal que é recordista em libertação de trabalhadores e em números de fazendas em que há autuações e onde se concentram a exploração e opressão da classe trabalhadora baseado nos trabalho escravo ainda nos dias de hoje.
Esta realidade não è muito diferente nas cidades, onde há milhares de trabalhadores e trabalhadoras desempregados, no subemprego ou em empregos precários como os imigrantes latinos americanos cativos em tecelagens, oficinas de costuras e na construção civil.
A Organização Internacional do Trabalho - OIT diz que no mundo existem mais de 12 milhões de pessoas em trabalhos forçados ou em situação de risco de vida, desempenhando trabalhos que não melhoram em nada sua condição de vida.
Em 2003, criou-se por parte do governo LULA uma campanha pela erradicação do trabalho escravo no Brasil. Mas até agora essa situação não mudou, e as políticas compensatórias e assistencialistas do governo federal vem agudizando a situação dos pobres e aprofundando o desemprego e a violência policial que matam nossos jovens negros nas comunidades pobres, periferias e favelas.
Hoje a população negra representa maioria da classe trabalhadora mais explorada e oprimida no país, nos setores da construção civil, transportes, mineradoras, metalurgias, áreas de serviços domésticos e no comércio, as marcas da escravidão estão até hoje nas relações estabelecida entre o capital e o trabalho que aprofundam um racismo às avessas onde a população negra é colocada a margem da sociedade capitalista e relegados a cidadãos de segunda categoria.

Nairobi Aguiar – De vitima a réu

Nairobi Aguiar – De vitima a réu

Postado por Juliana Dias em 12 setembro 2011 às 10:30
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(Encaminhando)


Desdobramentos nefastos do caso de agressão a estudante Nairobi Aguiar na Unijorge.


Através desta nota informamos sobre o desdobramento do caso de agressão sofrida pela nossa irmã Nairobi Aguiar nos corredores do Centro Universitário Jorge Amado e, ao mesmo tempo, conclamamos as demais irmãs e irmãos para que se coloquem diante do que está posto, não apenas para a referida irmã, mas para todas as mulheres negras desta cidade que não se silenciam diante de experiências de agressão.


Como foi amplamente denunciado, Nairobi Aguiar, estudante concluinte do curso de História na referida instituição privada de ensino, foi agredida com um tapa no rosto pelo seu colega de classe, o estudante Lucas Pimenta, que foi delegado pela então coordenadora do curso de História da Unijorge, como membro da comissão organizadora do Simpósio de História – evento que serviu de cenário para este episódio tão repugnante de racismo e sexismo. Agora Nairobi se encontra imersa numa batalha judicial que inverteu a qualificação dos envolvidos no caso; de vítima, Nairobi agora passou a ser considerada réu.


Logo após a agressão no dia 27 de Maio, Nairobi redigiu através de próprio punho uma carta em qual informava a referida instituição sobre o acontecido e solicitava dados do agressor para instruir devidamente a ocorrência em delegacia especializada. No dia seguinte, a estudante se dirigiu a Delegacia das Mulheres – DEAM logo pela manhã, à fim de registrar a ocorrência, porém o escrivão se negou a fazê-lo alegando que aquela delegacia só registraria se a mesma possuísse algum tipo de vinculo afetivo com o agressor. Movida por suas convicções ideológicas, a estudante acionou o movimento social de qual é oriunda no entendimento de que nenhuma agressão à mulher negra deve ficar impune – o que fez com que interrompêssemos o andamento da última atividade do evento em qual aconteceu a agressão. A ação politica realizada no dia posterior a agressão e a comunicação que a agredida fez em próprio punho culminou em um processo de apreciação administrativa do fato denunciado. Tal procedimento supostamente respaldado nos marcos normativos que orientam a estrutura estatutária desta instituição, baseado no postulado do “direito ao contraditório” desdobrou-se numa sindicância que apuraria “imparcialmente” o caso.


Para a sua surpresa, ao tentar registrar a ocorrência, Nairobi verificou que, segundo o escrivão de plantão que a atendeu na 10° circunscrição policial em Pau da Lima, ainda na noite da agressão, o senhor Lucas Pimenta tentou registrar uma ocorrência de agressão contra a estudante. Após escutar Lucas Pimenta, o escrivão o entendeu como agressor e se negou a fazer o procedimento. Nairobi registrou nesta circunscrição policial a ocorrência. No entanto a guia de exame de corpo delito não foi expedida com o argumento de que a agredida não possuía marcas aparentes em seu rosto.


Em reunião com Nairobi, seu advogado, Dr Sérgio São Bernardo, alguns estudantes, representantes do Centro Acadêmico de História e do Movimento negro, a Senhora reitora Paloma Modesto assegurou que em no máximo 15 dias estaria com o resultado da referida sindicância e que não haveria nenhum prejuízo acadêmico caso a agredida não tivesse condições de assistir aula. A universidade propôs ainda como forma de compensação, um tratamento psicológico disponibilizado pela UNIJORGE, além de se comprometer com a realização de um seminário sobre relações raciais e de gênero no espaço daquela instituição. Cobramos da Universidade a gravação do acontecimento, uma vez que havia câmeras posicionadas exatamente no local em qual aconteceu o fato, mas representantes da instituição alegaram que ainda não haviam assistido a gravação.


Seguindo a sua orientação jurídica, Nairobi esperou o parecer da sindicância para demandar processo civil contra o agressor já que investigação administrativa verificaria mediante apreciação das imagens do circuito interno de segurança o momento exato da agressão que ocorreu nas dependências da Universidade. No entanto, neste interim, Nairobi acionou o Ministério Público - através do grupo de atuação especial em defesa da mulher – e firmou uma declaração na qual a senhora Promotora de Justiça Márcia Regina Ribeiro Teixeira solicita à UNIJORGE e a 10ª Delegacia as imagens gravadas no corredor no horário do acontecimento. No dia 11 de junho, a Unijorge encaminhou para o Ministério Público do Estado da Bahia um esclarecimento sobre o processo de sindicância, alegando que este ainda estava em andamento e dizendo que as provas só seriam disponibilizadas em caso de determinação judicial.
No dia 27 de junho, 02 meses depois do ocorrido, foi encaminhada a UNIJORGE uma solicitação do resultado da sindicância por escrito, uma vez que as testemunhas já haviam se pronunciado a mais de um mês e o prazo estabelecido pelo estatuto já havia sido extrapolado; No dia 21 de Julho, quase três meses depois do acontecimento, a UNIJORGE, disponibiliza o resultado da sindicância dizendo não haver provas suficientes para dar como procedente a acusação contra Lucas Pimenta. No mesmo dia foi acionado um processo contra Nairobi no 1° Juizado Cível de causas comuns, utilizando inclusive o próprio resultado da sindicância como um dos documentos em anexo. O caráter tendencioso da posição da Universidade em favor do agressor foi revelado no fato do resultado da sindicância ter alegado que a universidade não possuía as imagens e do documento ter sido informado à Nairobi apenas no dia 25, três dias após o conhecimento do agressor e a abertura do processo civil por ele acionado.


Agora Nairobi tem ameaçado o término de sua graduação em sua fase conclusiva. Sob forte pressão psicológica foi obrigada pela universidade a viver o constrangimento de dividir a sala com um homem que a agrediu física e moralmente. A apresentação de seu trabalho de conclusão de curso no final do semestre corrente está completamente comprometida, já que seu rendimento acadêmico e a própria produção de sua monografia está sendo inviabilizada por esta situação que por ora lhe está trazendo inúmeros danos psicológicos. A universidade, através de um pacto velado de defesa ao agressor, esperou que se esfriasse o calor dos inúmeros protestos gerados por este fato que causou repúdio e comoção não apenas entre os movimentos negros, mas também entre outros setores da própria universidade. Do ponto de vista jurídico, entendemos que a universidade e Lucas Pimenta estão do mesmo lado e por isso o resultado da sindicância foi favorável ao agressor que por sua vez, foi empoderado pela coordenação do curso de História da referida instituição no Simpósio de História no qual aconteceu a agressão. À Nairobi recai agora o chamado “ônus da prova” sem que se possa contar com estas imagens que registraram o exato momento do fato.


Próximo dia 14 de setembro acontece a audiência de instrução e julgamento do processo civil. Cabe a nós militantes de movimentos negros manter o apoio a Nairobi numa demonstração de que o tapa dado em seu rosto representa uma agressão não apenas física contra uma mulher negra, mas um emblema de como o sexismo em intersecção com o racismo empodera os brancos para tratar nossa gente da forma que trata não apenas nas ruas favelas e instituições carcerárias onde somos maioria, mas também nos espaços estratégicos de poder em quais é rara a nossa presença.

Fonte: http://correionago.ning.com/profiles/blog/show?id=4512587%3ABlogPost%3A197202


quarta-feira, 13 de julho de 2011

CARTA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

ILMO. Sr Natalino Salgado Filho

Devido ao fato ocorrido envolvendo um professor e um aluno africano desta Universidade, o Fórum de Juventude Negra do Estado do Maranhão, organização composta por jovens negros (as), estruturada de forma plural, suprapartidária, afrocentrada e sem vínculos religiosos e que visa manter uma articulação permanente entre os (as) jovens negros e negras num espaço de diálogo e aglutinação de grupos, movimentos, organizações e articulações de juventude negra, vem por meio desta carta exigir que seja tomada uma providência cabível no caso do estudante Nuhu Ayuba.
Apoiados na Constituição Brasileira que criminaliza toda e qualquer ação racista, dando dever ao Estado de prender o agressor conforme estabelecido no Artigo 5, e reforçado pelo o Estatuto da Igualdade Racial, aprovado pela lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010 que reza em seu parágrafo único:
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada. Exigimos imediatas ações de explicação e punição do professor
que ficou conhecido em todo o Brasil pelas suas práticas racistas contra um jovem negro africano, transmitindo para o Brasil e para o mundo uma imagem equivocada desta Universidade e do Estado do Maranhão.
É inadmissível que esta Instituição permita a reprodução de teorias e ações racistas surgidas no período pós abolição, incessantemente combatida pelo Movimento Negro brasileiro, que é criminalizada por lei e segrega as pessoas. Deste modo exigimos a penalização imediata de expulsão do prestador de serviços a esta universidade denunciado de crime de racismo, bem como da realização de alguma ação que possa refletir sobre o assunto junto aos/as acadêmicos/as já que este é um espaço de reflexão e formação.
A Universidade Federal do Maranhão tem um papel fundamental na ressignificação e remodelação de novas posturas da sociedade sobre a questão racial, no estado do Maranhão e no país. Nesse contexto entendemos que seja mais do que necessário abrirmos o debate sobre as questões raciais dentro da Universidade que demonstra sensibilidade a temática a partir da estruturação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro.
É lamentável para toda sociedade brasileira e em especial para a população maranhense que em pleno século XXI ainda vemos ações racistas como a do professor Clóvis Saraiva ao estudante nigeriano Nuhu Ayuba dentro de um contexto de sala de aula. Ainda segundo o Estatuto da igualdade Racial em seu artigo 2º, rege que:
“É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.”
No que se refere ao Estado é dever do mesmo também fornecer educação de qualidade e sem nenhuma distinção étnica. A Universidade Federal do Maranhão nesse sentido, tem o papel fundamental de formar pessoas de forma eficiente e igualitária, respeitando a diversidade do mosaico que a compõe a sociedade Brasileira, sendo seu ensino e suas relações pautadas nos princípios de igualdade estampados na Constituição do país.
Nesse sentido é nosso dever como cidadãos e cidadãs cobrar uma postura da Universidade Federal do Maranhão mediante a tal fato que deixou todo o país perplexo e indignado. É lamentável o tratamento dado ao estudante africano, quando o Estado brasileiro deveria indenizar a África pelos crimes da escravidão que faz deste país o mais negro do mundo fora da África. Recebê-los bem e com todo respeito, é o mínimo, pois do continente negro africano vieram parte valorosa da tão rica e admirada cultura deste país.
O Fórum de Juventude Negra do Maranhão não admite este tipo de postura de um professor universitário, e não permite que a administração fique silenciada diante deste fato. Não podemos ficar apáticos diante de tal atitude, pois a discriminação sofrida pelo estudante também se constitui parte de uma metodologia que de certa forma extermina a juventude negra brasileira. A Campanha Nacional Contra o Extermínio da Juventude Negra organizado por esta instituição busca denunciar e combater as diversas formas de extermínio da juventude negra em especial a que se estrutura no plano da violência simbólica, como a que ocorreu nesta universidade. Desse modo requeremos uma tomada de postura por parte desta universidade para que mais situações como esta não se repita. Ratificamos aqui nosso apoio, dedicação e empenho para monitorar e executar ações em conjunto com o órgão responsável desta instituição no tocante ao ocorrido e a quaisquer outras formas de preconceito advindas desta universidade. Aconselhamos a estruturação de uma comissão de Combate aos Crimes de Racismo para análise e tomada de decisão deste crime em especial, desde já nos disponibilizamos a integrar e contribuir com as discussões.
Colocamos-nos a disposição para debate e diálogo no sentido de ajudar a construir um espaço mais igualitário e respeitoso dentro da universidade Federal do Maranhão, pois parafraseando Nelson Mandela “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Por isso entendemos que esta ação não pode passar impune.

Aguardamos respostas;

Fórum de Juventude Negra do Maranhão

Contatos:
Lorena Gaioso - 98.8834-3198
Coordenadora Nacional do Fórum de Juventude Negra do Maranhão
Milson Oniletó - 98.8709-8499
Coordenador Estadual do FOJUNE - Ma
Cássia Clovié - 98.8123-2764
Coordenadora de comunicação do FOJUNE - Ma
Email: fojune.ma@yahoo.com.br
Site: fojunema.blogspot.com

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Intelerância Religiosa-Maranhão

Episódios criminosos de intolerância religiosa registrados nos últimos 10 anos foram sistematizados pelo Mapa da Intolerância Religiosa – Violação ao Direito de Culto no Brasil, lançado na última semana, na Bahia. O documento inédito sistematiza a nível nacional os casos de desrespeito à liberdade de culto cometidos contra religiosos de matriz africana, muçulmanos, judeus, católicos, entre outros grupos religiosos.
“A intolerância religiosa é um atentado à democracia e fere gravemente a pluralidade que marca a civilização nacional. Neste sentido, é importante divulgar manifestações racistas a fim de que providências sejam tomadas efetivamente”, afirma o diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Cultural Palmares, Alexandro Reis.
A liberdade de culto é assegurada pela Constituição Brasileira, no entanto, segundo Marcio Alexandre Gualberto, autor do trabalho, é visível que exista uma vítima preferencial de intolerância religiosa em nosso país. “Essa vítima é o praticante das religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, sendo, portanto, estes os mais frequentes e, quase sempre, os mais graves casos de extremismo religioso”, afirma.
De acordo com o autor, a proposta do mapa não é apenas apresentar denúncias, mas mostrar o quanto se tem avançado no combate à intolerância religiosa e a importância do esforço de organizações e de movimentos sociais e religiosos que se mobilizam, se articulam e pressionam o poder público para pôr um fim à intolerância religiosa, seja produzindo documentos, ou até mesmo chamando para o diálogo outras tradições religiosas para somar força.
O objetivo é fazer do mapa um projeto permanente que transforme a pesquisa em um site que receba denúncias de todo o país, que aponte os estados onde ocorrem mais casos e que encaminhe as denúncias aos órgãos respectivos de cada estado ou município para que possam dar solução às intolerâncias sofridas.
Por Denise Porfírio

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Heterosexualidade e Poder!

Texto precioso, de uma riqueza incalculável...Vale muito a pena ler!

http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=_BR&infoid=8204&sid=4

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Marcha contra a violência e o extermínio de jovens no Maranhão

Por Kátia Braga

A violência coloca-se hoje como um fenômeno devastador da vida do ser humano, assumindo formas e nuances anteriormente nunca vistas. Não há privilegiados nesse sentido, pois todas as pessoas, independente de cor, raça ou condição social são afetadas pela violência.

No Brasil um dos grupos ou segmentos sociais que se encontram mais vulneráveis ao fenômeno da violência são as Juventudes. Nesse contexto os jovens são, ao mesmo tempo, vítimas e protagonistas da violência.

A violência que extermina nossos jovens rompeu fronteiras geográficas e políticas, além de assumir novos significados. Ela vem se manifestando sutilmente através de gestos e atitudes que nos parecem banais e corriqueiros fazendo-se presente no dia a dia, sob outras formas, espreitando nossas mentes e nossas almas, provocando-nos um terrível sentimento de insegurança. A violência contra/entre jovens não se trata mais de um fenômeno exclusivo de uma localidade como, por exemplo, de uma grande metrópole do Sul do país. De acordo com o mapa da Violência 2011, divulgado recentemente, realizada pelo o Instituto Sangari e o Ministério da Justiça, o índice de violência no interior aumentou significavelmente, o que contribuiu para o crescimento da taxa de homicídios juvenis no país.

O Mapa da Violência 2011 dá visibilidade ao aumento de homicídios que o Estado do Maranhão registrou entre 1998 a 2008, o que colocou o estado em uma situação preocupante para o país. Na evolução do número de homicídios o Maranhão faz parte do grupo de estados que quadruplicaram seu número de homicídios no período abordado pela pesquisa, destacando-se no Nordeste como a Unidade Federativa que mais cresceu em número de homicídios na população de 15 a 24 anos no período de 1998 a 2008.

Número de homicídios na população de 15 a 24 nos no estado do Maranhão

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

74

70

133

208

194

259

252

322

337

394

455

FONTE:Mapa da Violência 2011, pág. 27 , tabela 3.1.4

Entre essas taxas de homicídio na população de 15 a 24 anos no Maranhão em 2008, 94,2% são do sexo masculino e 5,8% do sexo feminino. Quanto ao número de homicídios por raça na população jovem, a pesquisa registrou a alta taxa de vitimização negra no Estado entre 2002 a 2008 levando-o a ocupar a 11ª posição na lista das Unidades Federativas.

brancos

2002

2005

2008

26

37

46

negros

2002

2005

2008

164

271

401

FONTE: Mapa da Violência 2011, pag. 61, tabela 3.7.4

Outra categoria que o Maranhão se destacou-se de forma negativa no Mapa da violência foi em relação à taxa de homicídio por capital e municípios. São Luís que ocupava a 26ª posição em 1998 em número de homicídios na população de 15 a 24 anos , saltou para a 12ª posição em 2008 na lista das capitais do país. Ao longo dos dez anos, só aumentou o numero de homicídios na capital, foram 176 casos registrados em 2008, deixando para trás, inclusive grandes metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo. A cidade de Imperatriz aparece entre os 100 municípios do Brasil com 10 mil jovens ou mais, que se destacam em números de homicídios na população jovem entre 2006 a 2008 ocupando a 18ª posição na lista.

As mortes violentas de jovens no Maranhão não aumentaram apenas no quesito homicídios, mas também nas outras duas causas externas de mortes apontadas pelo o mapa da Violência: Acidentes de Trânsito e Suicídios. O número de óbitos por acidente de transporte na população de 15 a 24 anos colocou São Luís, mais uma vez, como capital que apresentou um índice de crescimento preocupante ao longo do período de 1998 a 2008. Além disso, o Maranhão teve mais dois municípios que compõem a lista dos 100 com 10 mil jovens ou mais em todo país que apresentam o maior número de mortes na população de 15 a 24 anos por acidentes de transporte, Imperatriz, com uma posição bem negativa, 16ª posição e finalizando a lista, Açailandia. Vale ressaltar que o município de Bacabeira se destacou-se em 7ª posição na lista dos 100 municípios em número de mortes por acidentes de transportes em relação a sua população total.

Quanto aos Suicídios, outra cidade maranhense reforça a estatística violenta de mortes de jovens no Brasil. A cidade de Caxias elenca a lista dos 100 municípios do Brasil, com 10 mil ou mais jovens, que apresentam as maiores taxas de Suicídios na população de 15 a 24 anos.

Diante de todos esses dados se confirma que o Maranhão apresenta as problemáticas levantadas no Mapa da Violência como fatores que contribui para a concentração de violência em algumas regiões do interior do Brasil, como a falta de aparelhamento do sistema de segurança do estado, gigantescos empreendimentos de cunho agrícola e de extração de recursos naturais que associados à falta de atenção às políticas públicas, têm gerado no estado um ambiente de destruição ambiental, contrabandos, grilagem de terras, extermínio de populações indígenas e trabalho escravo, tornando o Maranhão em um espaço vulnerável a violência.

A violência, afeta a todos e de todos exige uma resposta: Nossos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), Movimentos Sociais, Igrejas, Mídia, Instituições educacionais ( fundamental, médio e superior), grupos e indivíduos de toda sociedade. É necessário e urgente que todos dêem a sua contribuição para superar o problema ou mesmo reduzir a sua ocorrência, pois a missão de todos nós cristãos deve ser a mesma de Jesus Cristo, ser radicais em favor da vida, no amor ao próximo, sem fazer distinção de raça, credo ou classe social.

Acredita-se que a fala, a denúncia e um trabalho de formação e conscientização sócio-educativa, são algumas formas que podem e devem ser utilizadas, no sentido de encontrar alternativas de ações concretas para a reversão ou minimização das estatísticas negativas que o Maranhão assumiu em relação à situação de suas juventudes. Por isso a necessidade da difusão no estado da CAMPANHA NACIONAL CONTRA VIOLÊNCIA E EXTERMÍNIO DE JOVENS, para levar toda sociedade ao debate sobre as diversas formas de violência contra a juventude, especialmente o extermínio de jovens que vem acontecendo no Estado. A Campanha, idealizada pelas Pastorais de Juventude do Brasil, visa avançar na conscientização e desencadear ações que possam mudar a realidade de morte de jovens em todo o Brasil, por isso, solicita toda a sociedade que somem forças para encaminhar o pedido aos Bispos do Brasil que em 2013 a Campanha da Fraternidade tenha como tema a Juventude. É preciso que todos colaborem, com a coleta de um milhão de assinaturas até dia 17 de abril de 2011.

A Pastoral da Juventude do Maranhão que há 25 anos desenvolve um trabalho de evangelização da juventude nas 12 dioceses que compõem o Regional Nordeste V (São Luís, Caxias, Bacabal, Coroatá, Brejo, Pinheiro, Carolina, Imperatriz, Grajaú, Balsas, Viana e Zé Doca) fortalece a luta pela defesa da vida da juventude maranhense, a partir de seu processo de Revitalização em comunhão com Projeto nacional de Evangelização “O Brasil na Missão Continental”. Essa ação missionária associada à Campanha Contra a Violência e o extermínio de jovens no Maranhão contribuirá para a superação das marcas da violência e do medo que afetam nossos jovens através do protagonismo juvenil, da criatividade, pela construção de uma esperança em relação à vida, à amizade, no estabelecimento de valores e de solidariedade e no encontro com o outro.É necessário que cada um de nós sinta-se responsável pela superação dos sinais de morte que extermina nossos jovens, é nosso dever, como filhos e filhas de Deus, cuidar da vida “O MEU DESEJO É A VIDA DO MEU POVO” (Es 7,3).Caxias, 31/03/10

quinta-feira, 31 de março de 2011

Estudo genético indica que ser humano moderno surgiu no sul da África



Para cientistas, grande variedade genética em populações da África austral é indício.

BBC Brasil

Um novo estudo genético entrou na discussão sobre as raízes da humanidade, fortalecendo a versão de que o ser humano moderno surgiu no sul da África e não no leste do continente, como indicam pesquisas e descobertas anteriores.

Em um artigo divulgado na publicação científica "Proceedings of the National Academy of Sciences", os pesquisadores americanos sustentam que o sul africano provavelmente ofereceu melhores condições para o surgimento do ser humano moderno.

"A África é apontada como o continente de origem de todas as populações humanas modernas. Mas os detalhes da pré-história e da evolução humana na África permanecem obscuros devido às trajetórias complexas de centenas de populações distintas", afirma o estudo.

A coautora do estudo Brenna Henn, da Universidade Stanford, na Califórnia, disse à BBC que a equipe encontrou uma "diversidade (genética) enorme" entre as populações caçadoras e coletoras da África - mais que entre as sedentárias, baseadas na agricultura.

Tais populações eram altamente estruturadas e relativamente isoladas umas das outras, provavelmente retendo grandes variações genéticas entre si, afirmou.

"Analisamos os padrões de diversidade genética entre 27 populações africanas atuais, e percebemos um declínio de diversidade que começa de fato no sul da África e progride à medida que a análise caminha em direção ao norte do continente", contou Henn.

Marco

Os modelos usados pela equipe são consistentes com a perda de variedade genética que ocorre quando um número muito pequeno de indivíduos estabelece uma nova população a partir de uma população original mais numerosa.

"As populações no sul da África têm a maior diversidade genética de qualquer população de que temos notícia", afirmou a pesquisadora. "Isso sugere que esta pode ter sido a melhor região para dar origem aos humanos modernos".

O paleontólogo Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, que não faz parte da equipe que elaborou o estudo, disse que a pesquisa é um 'marco' no seu campo de pesquisa.

'É um marco, que conta com muito mais dados sobre os grupos de caçadores e coletores que qualquer outro, mas eu continuo cauteloso em apontar um local de origem (para os primeiros humanos)', afirmou.

"Jardim do Éden"

O professor discorda da visão de que tenha havido uma espécie de "Jardim do Éden" a partir do qual a humanidade evoluiu.

"Diferentes populações da África antiga provavelmente contribuíram com os genes e o comportamento que formam o ser humano moderno".

Stringer explicou que, embora a ocorrência de grupos caçadores e coletores seja bastante restrita atualmente, pinturas rupestres atribuídas a esses grupos sugerem que no passado eles se espalhavam por uma área muito maior.

"O novo estudo sugere que os genes dos Khomani (grupo étnico do sul da África), dos Biaka (da África Central) e dos Sandawe (do leste) parecem ser os mais diversos, e por conseqüência estas são as mais antigas populações de Homo sapiens", argumenta.

"É mais provável que os grupos sobreviventes de caçadores e coletores sejam hoje restos localizados de populações que em outras épocas se distribuíam por toda a África subsaariana há 60 mil anos", afirmou o paleontólogo.