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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

C O N V I T E- Hip Hop na Veia

O Fórum de Juventude Negra do Estado do Maranhão convida V.S.ª para participar do projeto Hip Hop na Veia, que tem como objetivo criar oportunidades de igualdade entre jovens de 15 a 29 anos de idade, que possam despertar para o protagonismo de forma coletiva e solidária.

O Fórum Maranhense de Juventude Negra tem como objetivo central promover um intercâmbio entre os grupos, coletivos, organizações e atuantes da juventude negra. As atividades realizadas pelo Fórum integram a Campanha Nacional contra o Genocídio/Extermínio da Juventude Negra, coordenada pelo Fórum Nacional de Juventude Negra visando gerar em dimensão midiática, a sensibilização da sociedade às ações de combate e prevenção da violência racial destinada à Juventude Negra por meio discussões temáticas, promoção de eventos e atividades em diversas áreas com o propósito colaborar para o protagonismo juvenil dos afro descendentes no Estado.

Data: 02/10/2011
Local: Praça da Criança (Lagoa Amarela)/Esquina da Rua da Estrela com a Rua de Nazaré - Praia Grande - São Luís/MA.
Realização:Fórum de Juventude Negra do Maranhão

Inscrições: millenny@bol.com.br

NOME:
ENDEREÇO COMPLETO:
E-MAIL/CONTATO:
OFICINA ()BREAK ()GRAFFITE ()DISCOTECAGEM




Saudações Afro Juvenis Revolucionárias!

Cássia Clovié-Graduanda de Química Industrial-UFMA,Assessora de Gestão de Pessoas-QUARQI Jr.,Assessora de Comunicação e Informação do FOEJUNE-MA,Executiva da ANEL-MA, CSP-ConLutas e Quilombo Raça e Classe.
Contatos: 98 81650328 / millenny_millyzinha@hotmail.com

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Miss Universo e as Mulheres Angolanas: Nada em Comum.

No dia 12 de setembro, o mundo olhou para o concurso de beleza que elege a mulher mais bela do universo. Segundo sua auto-apresentação, este histórico concurso, que hoje é dirigido pela Miss Universe Organization, de propriedade de Donald Trump, conhecido milionário norte americano, busca avaliar além da beleza das mulheres, suas “capacidades de liderança e inteligência”, para difundir valores como a paz pelo mundo.

Essa concepção do concurso foi se transformando ao longo dos anos de uma possibilidade de ingresso no mundo das celebridades de Hollywood (este era o prêmio das edições do meio do século para cá) para a “luta” pela paz ao redor de nosso planeta. Perguntamos, no entanto, por que tanta rigorosidade estética para se escolher uma mulher capaz de difundir a paz? E mais, perguntamos onde estiveram as Misses Universo sob o acontecimento de guerras tão questionadas pelo mundo, como a invasão norte americana no Iraque e no Afeganistão?

O concurso em questão reforça e difunde a idéia de que as mulheres devem ter um padrão de beleza e ainda demonstra que, na sociedade machista em que vivemos, quando se trata de avaliação física e estética, as mulheres podem ser protagonistas, em outros momentos, é muito difícil existirmos como figura central.

Esta última edição recebeu uma atenção particular do Brasil. Em primeiro lugar, porque sediou o evento e depois porque a Miss Brasil chegou muito perto do título, ficando em terceiro lugar. A Miss Brasil é eleita ao disputar o título com as representantes de todos os estados brasileiros. Para se eleger a Miss de algum estado, há uma disputa entre diversas garotas de cada estado. Atentamos para um fato curioso de que as meninas que concorreram para o título de Miss Bahia eram em sua maioria garotas brancas, em um estado que é majoritariamente negro.

Apesar de a Miss Universo de 2011 ser negra – fato que ocorre pela 3° vez – não há como não reconhecer um padrão de beleza que é perseguido na avaliação das meninas que concorrem ao título. A maior parte das concorrentes e das vitoriosas ao longo da história são mulheres brancas, com um padrão marcadamente europeu, o que é expresso no caso acima citado em relação à eleição da Miss Bahia e mesmo pela quantidade de mulheres negras que venceram o concurso ao longo da história.

Ainda assim, o impacto da vitória de uma negra sobre as mentes mais conservadoras é bastante forte. Assim que anunciada a vitória de Leila Lopes, representante de Angola, a internet foi palco de declarações absurdamente racistas e fascistas contra a recém vitoriosa do concurso. Repudiamos veementemente esse tipo de prática.

No entanto, reconhecemos que o racismo que a atual miss Universo sofreu não passa nem perto do racismo e da humilhação que sofrem a maior parte das mulheres angolanas. Toda a Imprensa saiu em defesa de Leila Lopes e até denunciou as declarações racistas. No entanto, nenhuma imprensa defende ou se preocupa com a situação das mulheres angolanas, cujo índice de desemprego atinge 79%. A Miss Universo não é analfabeta como as 70% de mulheres de seu país. A cada 100 mil bebês que nascem no país, cerca de 1500 mães morrem, em função das péssimas condições de saúde e saneamento básico de Angola. Leila Lopes dificilmente passará por isso.

Essa situação é conseqüência de séculos de opressão e exploração do povo negro angolano, que hoje está em várias partes do mundo tendo sua mão de obra super explorada pela sua condição de negros e imigrantes, fato agravado ao se tratarem de mulheres.

A vitória da angolana no concurso de beleza mais conhecido do mundo reflete um abismo cruel entre a situação da maior parte das mulheres angolanas, trabalhadoras e pobres e uma ínfima minoria que pode ter tudo o que quer, inclusive a coroa da Miss Universo. Apesar de também estar submetida ao racismo, Leila Lopes está muito mais “protegida” do que as mulheres angolanas.

Fonte: Visite o blog do Movimento Mulheres em Luta e confira:

http://mulheresemluta.blogspot.com/2011/09/qual-e-o-lugar-das-lutas-das-mulheres.html
http://mulheresemluta.blogspot.com/2011/09/chega-de-sufoco-basta-de-violencia.html

sábado, 17 de setembro de 2011

Estatuto da igualdade racial: a aprovação de uma farsa.

Projeto marca um retrocesso nas reivindicações históricas do movimento, como a política de cotas

Foi com entusiasmo que o ex-ministro da Igualdade Racial Edson Santos celebrou a aprovação do Estatuto da (des)Igualdade Racial pelo Senado. Mas não há nada o que comemorar, pois o texto não representa as reivindicações históricas do povo negro. O estatuto, durante o tempo em que tramitou no Congresso, sofreu ataques da direita e de setores burgueses até ser aprovado totalmente diferente do projeto original.


O fato revela o cinismo e a perversidade da burguesia racista, herdeira econômica, política e culturalmente dos escravocratas, que pretende continuar mantendo a exploração, a opressão e a humilhação da população negra.


A expectativa era de que o Estatuto da Igualdade Racial fosse um instrumento que de fato contribuísse para enfrentar a discriminação racial. E que também estabelecesse políticas de ações afirmativas para garantir os direitos essenciais dos afrodescendentes vitimados pelo processo de histórico de escravidão.


No entanto, o que poderia ter sido um avanço não passou de um acordo entre o PT, através do senador Paulo Paim (RS), a SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e representantes do agronegócio e ruralistas, por meio do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator na Comissão de Constituição e Justiça.


Assim, o estatuto aprovado é a síntese mais fiel da aliança de forças nacionais que representa o governo Lula. A secretaria de igualdade racial deste governo nada fez de concreto para reduzir as desigualdades raciais no Brasil. Ao contrário, não passou de acessório, de uma simbologia racial para cooptar parte da militância negra.


Desta forma, o estatuto aprovado suprimiu pontos importantes como as cotas para negros nas universidades públicas, o que não nos causa espanto, pois o relator defende as “cotas sociais” e não raciais, e que o acesso à universidade deve ser baseado no “princípio do mérito e da capacidade de cada um”.


Da mesma forma, foram suprimidas as cotas do mercado de trabalho, assim como a redução do percentual de 30% para 10% de cotas reservadas à participação de negros em partidos políticos.


Outro aspecto importante excluído do texto original foi o que tratava da regularização de terras para remanescentes de quilombos, um erro muito grave. A retirada deste tema não considera os quilombolas como proprietários de territórios historicamente ocupados, como forma de sobrevivência física e cultural desta população. Acrescentou-se a esse documento o incentivo fiscal que o governo poderá dar a empresas com mais de 20 funcionários que decidirem contratar pelo menos 20% de negros.


Há ainda neste estatuto erros gravíssimos do ponto de vista conceitual, a exemplo da retirada das categorias raça, escravidão e identidade negra. No que se refere a raça, o argumento utilizado enfatiza que do ponto de vista genético as raças não existem. No entanto, como conceito social, esta categoria ganhou um novo significado através do movimento negro e por intelectuais de várias áreas de conhecimento. O sentido é o de deixar clara a hierarquização da sociedade brasileira, na qual os grupos étnicos foram e são marcados por profundas desigualdades e discriminações.


Na mesma direção, foi rejeitado o termo escravidão, pois ele foi considerado como tradicional e inadequado, pois se trata de algo do passado. Como a sociedade brasileira está em transição, emergindo para uma sociedade democrática, com propostas de ações afirmativas que visam acabar com as desigualdades sociais, “escravidão” não seria o termo mais adequado.


Ora, a escravidão do negro no Brasil durou quase quatrocentos anos, em contraste com apenas 122 anos de trabalho livre, o que constitui uma prolongada experiência histórica que até hoje deixa marcas profundas nessa população, tanto no que se refere ao acesso aos bens materiais e culturais, como na dificuldade de construção da identidade étnica.


Não restam dúvidas que o Estado brasileiro tem uma dívida histórica com o povo negro. O estatuto seria uma forma de buscar assegurar direitos políticos, econômicos, sociais e culturais desta população, através de uma política de ações afirmativas que dessem conta das demandas históricas.


Precisamos desfazer os mitos junto à população submetida à miséria, à violência cotidiana e aos programas assistencialistas, que reiteram a subalternidade e retiram a dignidade do ser humano. Assim como o significado do governo Lula, que tem suas raízes no movimento operário, que confirma as políticas racistas e reacionárias do DEM, impossibilitando o acesso da juventude à educação superior, da população negra a políticas de saúde diferenciadas, dos remanescentes de quilombo à terra.


Somamo-nos às 24 organizações do movimento negro que se manifestam contra a versão atual do Estatuto da Igualdade Racial, esvaziado de conteúdo de justiça racial. O estatuto aprovado não tem força de lei, foi rebaixado, tendo o caráter de apenas autorizar e não determinar, fazer cumprir. Isto fica visível inclusive com a retirada de recursos para sua execução pelos gestores, que não são obrigados a colocarem-no em prática.


O estatuto está na contramão dos avanços nas lutas institucionais do movimento negro contra o racismo, a exemplo da política de cotas implementada em muitas universidades públicas.


Conclamamos a juventude, as trabalhadoras e os trabalhadores negros para a luta contra a dominação racista, contra a exploração, por melhores condições de trabalho e de existência, para que reine a liberdade e as diferenças sejam respeitadas. Em defesa das cotas para negros nas universidades públicas! Pela titulação de terra aos remanescentes de quilombos!

Por: Cláudia Durans, docente da UFMA, e Hertz Dias

fonte: Jornal "Opinião Socialista"

Cadê a liberdade e a igualdade racial?!

“Num país onde milhares de trabalhadores negros e nordestinos são escravizados...”.


13 de Maio-Dia da libertação dos escravos, na visão do povo negro, ainda hoje vêem como concessão da Redentora (Princesa Isabel), este fato histórico não pode ser explicada apenas como resultado da propaganda das classes proprietárias. As elites sempre usaram esse dia para dizer que era uma vitória para as classes trabalhadoras escravizadas o fim do cativeiro e dos castigos corporais.
Mas sabemos que o estado brasileiro e as elites têm uma divida histórica econômica, cultural, social e moral com os afro-brasileiros, pois usaram a mão-de-obra dos trabalhadores escravos: e não pagaram direitos sociais como aposentadorias, e nem salários a milhões de homens e mulheres seqüestrados da África, como os povos originários (índios), no passado.
A escravidão foi a forma mais lucrativa para os capitalistas e foi o modelo de trabalho mais perverso da humanidade, que redeu muita riqueza para o tesouro nacional e as classes ricas e latifundiárias da época.
O movimento negro na década de 90 passou a comemorar o 20 de novembro – dia nacional da consciência negra – morte de Zumbi e o fim do quilombo de Palmares como uma resistência do povo negro versus ao 13 de maio que é visto como uma falsa abolição , é um dia que repudiamos nossos governos e os patrões que até hoje super-exploram e oprimem a classe trabalhadora principalmente negras e negros.
Já se passaram 122 anos da Abolição da escravatura, mas na realidade não se aboliu a exploração e a opressão do sistema capitalista, segundo os dados do Ministério do Trabalho ainda há mais de 24 milhões de trabalhadores em situações no mundo do trabalho análogas à escravos, porém esse fato que é comprovado pelos órgãos fiscalizadores, não são passíveis de soluções rápidas pelo estado brasileiro.
A partir de 1995 o Ministério do Trabalho resgatou mais de 36 mil trabalhadores em situação análogas a de escravos no campo e nas cidades sendo vitima dos patrões e da conivência da Justiça e dos governos.
Os maiores escravocratas são as empresas que exploraram negócios na Amazônia legal que é recordista em libertação de trabalhadores e em números de fazendas em que há autuações e onde se concentram a exploração e opressão da classe trabalhadora baseado nos trabalho escravo ainda nos dias de hoje.
Esta realidade não è muito diferente nas cidades, onde há milhares de trabalhadores e trabalhadoras desempregados, no subemprego ou em empregos precários como os imigrantes latinos americanos cativos em tecelagens, oficinas de costuras e na construção civil.
A Organização Internacional do Trabalho - OIT diz que no mundo existem mais de 12 milhões de pessoas em trabalhos forçados ou em situação de risco de vida, desempenhando trabalhos que não melhoram em nada sua condição de vida.
Em 2003, criou-se por parte do governo LULA uma campanha pela erradicação do trabalho escravo no Brasil. Mas até agora essa situação não mudou, e as políticas compensatórias e assistencialistas do governo federal vem agudizando a situação dos pobres e aprofundando o desemprego e a violência policial que matam nossos jovens negros nas comunidades pobres, periferias e favelas.
Hoje a população negra representa maioria da classe trabalhadora mais explorada e oprimida no país, nos setores da construção civil, transportes, mineradoras, metalurgias, áreas de serviços domésticos e no comércio, as marcas da escravidão estão até hoje nas relações estabelecida entre o capital e o trabalho que aprofundam um racismo às avessas onde a população negra é colocada a margem da sociedade capitalista e relegados a cidadãos de segunda categoria.

Nairobi Aguiar – De vitima a réu

Nairobi Aguiar – De vitima a réu

Postado por Juliana Dias em 12 setembro 2011 às 10:30
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(Encaminhando)


Desdobramentos nefastos do caso de agressão a estudante Nairobi Aguiar na Unijorge.


Através desta nota informamos sobre o desdobramento do caso de agressão sofrida pela nossa irmã Nairobi Aguiar nos corredores do Centro Universitário Jorge Amado e, ao mesmo tempo, conclamamos as demais irmãs e irmãos para que se coloquem diante do que está posto, não apenas para a referida irmã, mas para todas as mulheres negras desta cidade que não se silenciam diante de experiências de agressão.


Como foi amplamente denunciado, Nairobi Aguiar, estudante concluinte do curso de História na referida instituição privada de ensino, foi agredida com um tapa no rosto pelo seu colega de classe, o estudante Lucas Pimenta, que foi delegado pela então coordenadora do curso de História da Unijorge, como membro da comissão organizadora do Simpósio de História – evento que serviu de cenário para este episódio tão repugnante de racismo e sexismo. Agora Nairobi se encontra imersa numa batalha judicial que inverteu a qualificação dos envolvidos no caso; de vítima, Nairobi agora passou a ser considerada réu.


Logo após a agressão no dia 27 de Maio, Nairobi redigiu através de próprio punho uma carta em qual informava a referida instituição sobre o acontecido e solicitava dados do agressor para instruir devidamente a ocorrência em delegacia especializada. No dia seguinte, a estudante se dirigiu a Delegacia das Mulheres – DEAM logo pela manhã, à fim de registrar a ocorrência, porém o escrivão se negou a fazê-lo alegando que aquela delegacia só registraria se a mesma possuísse algum tipo de vinculo afetivo com o agressor. Movida por suas convicções ideológicas, a estudante acionou o movimento social de qual é oriunda no entendimento de que nenhuma agressão à mulher negra deve ficar impune – o que fez com que interrompêssemos o andamento da última atividade do evento em qual aconteceu a agressão. A ação politica realizada no dia posterior a agressão e a comunicação que a agredida fez em próprio punho culminou em um processo de apreciação administrativa do fato denunciado. Tal procedimento supostamente respaldado nos marcos normativos que orientam a estrutura estatutária desta instituição, baseado no postulado do “direito ao contraditório” desdobrou-se numa sindicância que apuraria “imparcialmente” o caso.


Para a sua surpresa, ao tentar registrar a ocorrência, Nairobi verificou que, segundo o escrivão de plantão que a atendeu na 10° circunscrição policial em Pau da Lima, ainda na noite da agressão, o senhor Lucas Pimenta tentou registrar uma ocorrência de agressão contra a estudante. Após escutar Lucas Pimenta, o escrivão o entendeu como agressor e se negou a fazer o procedimento. Nairobi registrou nesta circunscrição policial a ocorrência. No entanto a guia de exame de corpo delito não foi expedida com o argumento de que a agredida não possuía marcas aparentes em seu rosto.


Em reunião com Nairobi, seu advogado, Dr Sérgio São Bernardo, alguns estudantes, representantes do Centro Acadêmico de História e do Movimento negro, a Senhora reitora Paloma Modesto assegurou que em no máximo 15 dias estaria com o resultado da referida sindicância e que não haveria nenhum prejuízo acadêmico caso a agredida não tivesse condições de assistir aula. A universidade propôs ainda como forma de compensação, um tratamento psicológico disponibilizado pela UNIJORGE, além de se comprometer com a realização de um seminário sobre relações raciais e de gênero no espaço daquela instituição. Cobramos da Universidade a gravação do acontecimento, uma vez que havia câmeras posicionadas exatamente no local em qual aconteceu o fato, mas representantes da instituição alegaram que ainda não haviam assistido a gravação.


Seguindo a sua orientação jurídica, Nairobi esperou o parecer da sindicância para demandar processo civil contra o agressor já que investigação administrativa verificaria mediante apreciação das imagens do circuito interno de segurança o momento exato da agressão que ocorreu nas dependências da Universidade. No entanto, neste interim, Nairobi acionou o Ministério Público - através do grupo de atuação especial em defesa da mulher – e firmou uma declaração na qual a senhora Promotora de Justiça Márcia Regina Ribeiro Teixeira solicita à UNIJORGE e a 10ª Delegacia as imagens gravadas no corredor no horário do acontecimento. No dia 11 de junho, a Unijorge encaminhou para o Ministério Público do Estado da Bahia um esclarecimento sobre o processo de sindicância, alegando que este ainda estava em andamento e dizendo que as provas só seriam disponibilizadas em caso de determinação judicial.
No dia 27 de junho, 02 meses depois do ocorrido, foi encaminhada a UNIJORGE uma solicitação do resultado da sindicância por escrito, uma vez que as testemunhas já haviam se pronunciado a mais de um mês e o prazo estabelecido pelo estatuto já havia sido extrapolado; No dia 21 de Julho, quase três meses depois do acontecimento, a UNIJORGE, disponibiliza o resultado da sindicância dizendo não haver provas suficientes para dar como procedente a acusação contra Lucas Pimenta. No mesmo dia foi acionado um processo contra Nairobi no 1° Juizado Cível de causas comuns, utilizando inclusive o próprio resultado da sindicância como um dos documentos em anexo. O caráter tendencioso da posição da Universidade em favor do agressor foi revelado no fato do resultado da sindicância ter alegado que a universidade não possuía as imagens e do documento ter sido informado à Nairobi apenas no dia 25, três dias após o conhecimento do agressor e a abertura do processo civil por ele acionado.


Agora Nairobi tem ameaçado o término de sua graduação em sua fase conclusiva. Sob forte pressão psicológica foi obrigada pela universidade a viver o constrangimento de dividir a sala com um homem que a agrediu física e moralmente. A apresentação de seu trabalho de conclusão de curso no final do semestre corrente está completamente comprometida, já que seu rendimento acadêmico e a própria produção de sua monografia está sendo inviabilizada por esta situação que por ora lhe está trazendo inúmeros danos psicológicos. A universidade, através de um pacto velado de defesa ao agressor, esperou que se esfriasse o calor dos inúmeros protestos gerados por este fato que causou repúdio e comoção não apenas entre os movimentos negros, mas também entre outros setores da própria universidade. Do ponto de vista jurídico, entendemos que a universidade e Lucas Pimenta estão do mesmo lado e por isso o resultado da sindicância foi favorável ao agressor que por sua vez, foi empoderado pela coordenação do curso de História da referida instituição no Simpósio de História no qual aconteceu a agressão. À Nairobi recai agora o chamado “ônus da prova” sem que se possa contar com estas imagens que registraram o exato momento do fato.


Próximo dia 14 de setembro acontece a audiência de instrução e julgamento do processo civil. Cabe a nós militantes de movimentos negros manter o apoio a Nairobi numa demonstração de que o tapa dado em seu rosto representa uma agressão não apenas física contra uma mulher negra, mas um emblema de como o sexismo em intersecção com o racismo empodera os brancos para tratar nossa gente da forma que trata não apenas nas ruas favelas e instituições carcerárias onde somos maioria, mas também nos espaços estratégicos de poder em quais é rara a nossa presença.

Fonte: http://correionago.ning.com/profiles/blog/show?id=4512587%3ABlogPost%3A197202