Entidade luta contra ataques religiosos
Fórum quer combater a discriminação contra as religiões de matriz africana e medir a dimensão dos ritos afro-brasileiros no Paraná
Publicado em 20/11/2009 | Marcos Xavier Vicente
Representantes de religiões afro-brasileiras pretendem mapear as casas de umbanda e candomblé no Paraná e combater a discriminação, que impede muitos praticantes de expor suas crenças. Hoje, Dia Nacional da Consciência Negra e data da morte do líder negro Zumbi dos Palmares, será lançado o Fórum Paranaense de Religiões de Matriz Africana (FPRMA), com evento às 14 horas, no Instituto Edusol, em Curitiba. O objetivo do fórum é ampliar o debate sobre medidas que diminuam o preconceito contra os cultos de origem africana. Antes do lançamento, seguidores das religiões afro-brasileiras farão uma caminhada da Boca Maldita até a sede do instituto, às 9h30.
De acordo com o coordenador do fórum, Rômulo Barroso Miranda, o ogã Rômulo de Osaguian, seguidor do candomblé, as religiões afro-brasileiras ainda hoje são muito estigmatizadas. “Muitas pessoas ainda têm a mania de demonizar os cultos afro-brasileiros. Mas nem existe demônio na nossa religião”, afirma Miranda. A consequência disso é a intolerância religiosa. “É comum as casas serem apedrejadas porque algumas pessoas não aceitam nossos ritos, como o sacrifício de animais”, reforça o coordenador do FPRMA.
O FPRMA também pretende fazer um mapeamento das casas onde são celebrados ritos afro-brasileiros no Paraná. Segundo Miranda, justamente por causa do preconceito, muitos seguidores da religião preferem não se expor. “Queremos saber quem são e onde estão as pessoas que seguem as religiões de matriz africana no estado”, diz o ogã. Dado da Federação Paranaense de Cultos Afro-Brasileiros aponta a existência de 286 casas de umbanda e candomblé no Paraná. “Mas pelo receio que as pessoas têm de se expor, acreditamos que sejam muito mais”, explica Miranda.
Além do lançamento do fórum, a comemoração da Semana Nacional da Consciência Negra também integra uma exposição que se encerra hoje e inclui arte africana, orixás e fotografias, entre outros objetos, na sede do Instituto Edusol (Rua José Bonifácio, 15, na Praça Tiradentes, ao lado da catedral).
Núcleo
Aproveitando a data, o Instituto Federal de Educação do Paraná (IFPR) assina hoje a criação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros. O diretor de Inclusão Social e Meio Ambiente do IFPR, Valter Roberto Schaffrath, explica que o núcleo terá a participação de toda a comunidade acadêmica, bem como de outros membros da sociedade.
Entre as atribuições do núcleo está a elaboração das regras para a aprovação dos estudantes por cotas raciais e sociais no primeiro processo seletivo do instituto, a ser feito em fevereiro. “Além de definir o método a ser utilizado nas cotas do processo seletivo, o núcleo também servirá para debater e combater o racismo na instituição e na sociedade”, aponta Schaffrath.
Nenhum comentário:
Postar um comentário