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sábado, 12 de novembro de 2011

O retrato da Violência Doméstica

O tempo médio que uma mulher passa numa relação violenta é de oito anos.

As mulheres mais jovens tendem a abandonar tal tipo de relação mais cedo.

Estudos sugerem um jogo consciente de fatores que propulsionam as mulheres a deixarem uma relação abusiva: a violência torna-se mais severa e desencadeia uma certeza interna de que o homem não vai mudar de atitude; ou então, a violência começa a atingir as crianças de uma maneira cada dia mais grave.

As mulheres também citam a ajuda logística e emocional da família ou de amigos como fatores importantes nas suas decisões de deixar maridos/companheiros.
Sair de uma relação abusiva é um processo longo e dolorido.

O processo geralmente inclui períodos de recusa, negação, sentimentos de culpa e resistência, antes que as mulheres reconheçam o abuso físico e emocional como um padrão do relacionamento e se identifiquem com outras mulheres na mesma situação.

Este é o começo da quebra da conexão e da recuperação destas mulheres.

Muitas delas, na maioria dos casos, vão-se embora antes que a violência atinja um grau de fatalidade.

Pesarosamente, sair de casa não garante necessariamente a segurança de uma mulher.

Às vezes, a violência continua e pode inclusive aumentar depois que a mulher deixa seu parceiro.

De fato, o risco de uma mulher ser assassinada é maior imediatamente depois da separação.

Pesquisas no Brasil sugerem que a violência de gênero aparece, freqüentemente, como parte dos "papéis sexuais" e/ou "de gênero" nos quais a violência é considerada justificável pelos homens, quando as mulheres mantêm uma relação extraconjugal ou quando não cumprem com o que é reputado como sendo suas "responsabilidades domésticas".

Alguns homens acreditam que podem recorrer à violência quando lhes são negados os "benefícios" de uma sociedade fundamentalmente patriarcal.

A violência de homens contra mulheres está profundamente associada ao modo como os homens são socializados.

Uma vez que os meninos são geralmente ensinados a reprimir emoções, a raiva torna-se um dos poucos sentimentos que os homens podem expressar com expressa aprovação da sociedade.

Além disso, durante o processo de socialização, muitos homens não desenvolvem habilidade de comunicação interpessoal adequada às relações pautadas pelo diálogo.

Podemos acrescentar, a isso, o fato de os meninos serem freqüentemente educados de forma a acreditar que têm o direito de esperar determinados comportamentos das mulheres, bem como de poder utilizar abuso físico, verbal ou qualquer outra forma de violência, caso elas não cumpram com suas "obrigações", como cuidar da casa ou prover sexo.

A violência de homens contra mulheres é também frequentemente associada à tensão decorrente de dificuldades econômicas ligadas à provisão familiar. Ao se depararem com a impossibilidade de cumprir com o tradicional papel de provedores, alguns homens recorrem à violência na tentativa de reafirmarem o "poder masculino".

Homens que não desenvolvem outros modelos de identidade podem ser mais suscetíveis a recorrerem à violência em suas relações íntimas.



quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A Comissão Pastoral da Terra do Maranhão vem, por meio deste, comunicar mais um ato de violência contra uma comunidade tradicional maranhense.

Em 30 de setembro de 2011, as 48 famílias camponesas da comunidade Carro Quebrado, município de Miranda do Norte –Ma, relataram os seguintes fatos a CPT Coroatá:
Que nos dia 26.09.2011 e 27.09.2011, 6 (seis) homens ingressaram na área de plantio da comunidade Carro Quebrado, para executar um trabalho de roço, acompanhados por 4 homens armados com pistolas, sendo que estes davam cobertura aos invasores, a mando do latifundiário Raimundo Carneiro; que no dia 28.09.2011, as famílias de Carro Quebrado impediram que os invasores continuassem a realizar qualquer tipo de trabalho na área de posse das famílias. Os camponeses exigiram a presença do fazendeiro Raimundo Carneiro na localidade, contudo, compareceu o gerente de uma das fazendas do mandante, por nome de Abraão, que afirmou às famílias que era advogado e que iria negociar com as famílias, sendo que estas não aceitaram. Por volta de 15:30 h do mesmo dia, o latifundiário Raimundo Carneiro chegou à comunidade, acompanhado por 8 homens fortemente armados com armas do tipo Pistola ponto 40, Pistola 765, todas automáticas. O latifundiário Raimundo Carneiro ameaçou as 48 famílias, afirmando que expulsaria as famílias, alegando que necessitava da terra, visto que os camponeses não pagavam renda ao latifundiário. O latifundiário Raimundo Carneiro afirmou que poderia ceder uma pequena parcela da terra para as famílias. Afirmou ainda que se as famílias não aceitassem a pequena parcela de terra, “quem iria resolver o problema era o gerente Abraão e o que ele fizesse estava feito.” Nesse momento um jagunços falou que no dia seguinte os invasores dariam continuidade no trabalho de roço e que “para resolver o problema, bastava matar uns quatro que tudo seria resolvido.” Ao se retirarem do local, o latifundiário Raimundo e seu bando armado avisaram que o prazo do acordo seria findado em 04.10.2011 (terça-feira próxima) e nesse mesmo dia, o latifundiário Raimundo afirmou que todos sairão da sua terra. No retorno ao município de Miranda do Norte, anunciaram no Comercial São João, nas imediações do povoado, que com a morte de alguns, tudo seria resolvido, segundo o gerente Abraão.
As famílias estão apreensivas, temendo por atos de violências contra suas integridades. O morador mais antigo da localidade tem mais de 80 anos, e o povoado tem registro de aproximadamente 120 anos.
Requer-se, deste forma, que a Ouvidoria Agrária Nacional requeira, urgentemente, reforço policial na área em questão, oficiando-se aos órgão de segurança, em especial, ao Comando Militar Agrário e à Delegacia de Crimes Agrários, visto que o território de Carro Quebrado poderá ser invadido na próxima terça-feira.


Diogo Diniz Ribeiro Cabral
OAB/MA nº 9355
Advogado CPT/MA
Pe. Inaldo Serejo
Coordenador CPT/MA
Antonia Calixto de Carvalho
Coordenação da CPT/Diocese de Coroatá

POR: Ana Nery C. Lima

skype: ananery.lima

98.8102-1828/98.8766-8884

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mais um negro é executado na democracia de Barack Obama

Na quarta-feira, 21 de setembro, mais um negro foi injustamente executado pelo estado norte-americano.


Manuela Moraes, de Bauru (SP)





Troy Davis, executado nos EUA dia 21 de setembro

• Após vinte anos de espera no corredor da morte, e das inúmeras tentativas de provar sua inocência, Troy Davis foi executado pelo Estado norte-americano com uma injeção letal, apesar de todos os protestos ao redor do mundo e da falta de provas conclusivas sobre sua culpa.

O perfil de Troy Davis o condenou. Negro e pobre, ele tinha 42 anos e era acusado de ter assassinado o policial branco, Mark MacPhail, em 1989, na cidade de Savannah, estado da Georgia. O caso de Davis é apresentado por sua defesa como o de um negro condenado injustamente pela morte de um branco já que, das nove testemunhas ouvidas no julgamento, sete voltaram atrás em seus depoimentos, afirmando terem sido coagidas e intimidadas pela polícia. As duas testemunhas que mantiveram as declarações iniciais eram policiais. Além disso, não existem provas materiais contra Davis, o que seria suficiente para impedir a aplicação da pena de morte, segundo a posição do próprio Conselho de Perdões e Livramentos Condicionais da Geórgia.

Mais de 300 protestos foram convocados nos EUA e 1 milhão de assinaturas foi recolhido contra a execução de Troy, e mesmo com todos os pedidos, o presidente Barack Obama se recusou a intervir no caso. A Justiça norte-americana, com total apoio da direita conservadora, tem mantido inúmeros negros no corredor da morte através de processos conduzidos irregularmente.

Um dos casos mais conhecidos é o do ex-militante dos Panteras Negras, Mumia Abu-Jamal. O jornalista, do estado da Filadélfia, conhecido pelo programa de rádio ‘A voz dos sem-voz’ foi acusado de matar o policial que espancava seu irmão, em 1981. Ele foi condenado à morte, mas teve a pena revertida para prisão perpétua após inúmeros questionamentos sobre as irregularidades cometidas durante o julgamento e a investigação do caso. Apesar do esforço das autoridades em tratar Abu-Jamal como um preso comum, ele é mais um dos muitos presos políticos mantidos ilegalmente pela Justiça norte-americana.

Racismo e Pena de morte
A pena de morte nos Estados Unidos é oficialmente permitida em 36 dos 50 estados, bem como no governo federal. Os EUA são o segundo país onde mais pessoas são executadas anualmente, perdendo apenas a China.

Segundo o Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais (IEEI), desde 1976, apenas 11 brancos foram executados por terem assassinado negros, e 161 negros foram executados por terem assassinado brancos, embora os crimes de brancos contra negros sejam mais comuns do que o contrário. Os estudos também revelam que 43% dos presos no corredor da morte são negros, número bem maior que a porcentagem de negros no país, que corresponde a 13% da população norte-americana. Os dados oficiais mostram como a raça influencia na aplicação da pena de morte e a execução de Troy Davis deixa claro o papel do presidente Obama na democracia racial norte-americana.

A luta internacional contra a condenação de Troy Davis, assim como pela liberdade de Abu-Jamal e de outros presos negros inocentes, também é uma campanha contra a opressão cometida pelo governo de Barack Obama e pela justiça burguesa contra a população negra e pobre.

Fonte: http://pstu.org.br/internacional_materia.asp?id=13423&ida=0

Dez anos da lei de Cotas Raciais no Brasil

O sistema de reserva de vagas para negros em universidades públicas completa uma década de polêmica.

Correio do Brasil

O sistema de cotas para os que se consideram negros e pardos ingressarem nas instituições públicas de ensino completa uma década de existência no Brasil. A primeira lei, a 3.708/01, foi implantada no Rio de Janeiro, e assegurou 40% das vagas aos estudantes afrodescendentes em escolas de ensino superior do Estado.



Hoje, são cerca de 110 mil cotistas negros em 32 universidades estaduais e 38 universidades federais de todo o país. Para ser beneficiado com o sistema de cotas, o aluno deve se declarar como negro ou pardo e provar com fotos anexadas à matrícula.



As cotas são ações que visam dar oportunidades a grupos menos favorecidos na sociedade ou que tenham sido prejudicados no passado. A cota racial, especificamente, é uma compensação que o Estado oferece aos afrodescendentes pelos maus tratos sofridos pelos seus antepassados na história do país.



Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, em 2006, mostra que 65% dos brasileiros são favoráveis à reserva de um quinto das vagas nas universidades para negros e descendentes. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, divulgada em 2009 pelo IBGE, 50,6% dos brasileiros se declaram pretos e pardos.



Análise positiva

Os dez anos de existência do sistema de cotas raciais para ingresso em universidades públicas brasileiras foi tema de debate no último dia 19, em Brasília. Senadores, militantes e especialistas, membros da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, concluíram que, depois de uma década, a ação se mostrou “bem sucedida, ao promover significativa e relevante inclusão da população negra brasileira no ensino superior público”. A informação é da agência Senado.



Para os participantes, as ações são “um instrumento legítimo para a busca da ‘igualdade material’ preconizada pela Constituição de 1988”. No encontro, o diretor-executivo da organização não governamental Educafro, frei David Santos, afirmou que o sistema de cotas “não aumentou o racismo nas universidades e a qualidade acadêmica não foi prejudicada”. Baseado em pesquisas, Santos também disse que o desempenho acadêmico dos cotistas não é inferior ao dos não cotistas.



Resultado ainda longe do ideal

Dentre as ações afirmativas, a cota racial, por ser a mais polêmica, ajudou a promover o debate. O fato é positivo, segundo o coordenador do departamento de educação do Moconevi (Movimento da Consciência Negra do Vale do Itapocu), Luís Fernando Olegar, 41 anos. Para ele, a medida gerou discussão e possibilitou a troca de informações.



Luís Fernando considera o preconceito contra afrodescendentes e o sistema de cotas resultado da falta de informação. “As pessoas não têm acesso à educação de forma igualitária”, explica o diretor, que já trabalhou em duas instituições em bairros de classes sociais bem diferentes. “Enquanto as crianças de uma escola tinham em casa acesso à internet, TV a cabo, viajavam para outras cidades e conheciam lugares dos quais tinham aprendido na sala de aula, as outras só tinham como o passeio do ano uma ida ao shopping, quando a escola as levava”, conta.



Para o professor, as cotas raciais são um “reparo necessário, um caminho inverso ao mal feito aos negros ao longo da história do Brasil”. O educador entende o argumento de alguns grupos, inclusive da própria comunidade afrodescendente, sobre a importância de cotas para os menos favorecidos economicamente e não somente para os de cor escura. Porém, ele acha imprescindível o benefício para os negros devido ao racismo. “Os negros sofrem preconceito não pela classe social ou pelo currículo. Na hora de uma entrevista para emprego, o fenótipo é o que conta. As pessoas são escolhidas pelo que mostram, pela cor e pelos traços”, defende.



Segundo o educador, quanto maior o nível de formação acadêmica do negro, mais ele sofre racismo. “O peso é maior. Há mais cobrança para os que não tinham vez, principalmente os cotistas”, afirma. “As cotas permitem a ascensão social de um grupo étnico cuja maioria não tem oportunidade de crescer na vida”.



A falta de representatividade

Além do desenvolvimento social dos afrodescendentes, o coordenador considera a visibilidade um fator importante na luta contra o racismo. “Se a criança não vê professores, médicos, empresários, enfim, pessoas bem sucedidas da mesma cor, ela aprende que aquilo é normal e cresce inconscientemente com um sentimento de inferioridade” explica. “Você não se enxerga, não se sente representado”.



Apesar de toda a mobilização dos movimentos que lutam pelos direitos de igualdade dos afrodescendentes, a disseminação de sua cultura e a formação de lideranças, para Luís Fernando, a mudança social foi pequena após uma década de cotas raciais. O professor dá um exemplo da discriminação em exercícios feitos em sala de aula com os alunos: “há dez anos, pedia para as crianças procurarem em revistas pessoas negras. Encontravam poucas. Hoje, fico assustado aos constatar que isso não mudou”, conta. “Mesmo os pretos e pardos serem praticamente metade da população brasileira, a representatividade na mídia ainda é muito pequena”.



Luís Fernando espera que um dia as cotas raciais, e qualquer tipo de cota, não sejam mais necessárias. “O ideal é que deixem de existir e todos vivam em condição de igualdade”, conclui.

fonte: http://www.institutoluizgama.org.br/





Por: Ana Nery C. Lima

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