Visualizações de página do mês passado

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Desigualdade entre negros e brancos cai na educação, mas com pouco impacto na renda


Brasília, 05/04/2010

Matrícula escolar e analfabetismo entre jovens melhoram mais para pret@s e part@s; diferença entre ganhos no trabalho tem leve recuo.

As disparidades entre negr@s e branc@s têm diminuído na educação, mas isso ainda não se refletiu em queda da desigualdade de renda na mesma proporção, indica o quarto Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, lançado pelo governo federal no fim de março, em Brasília.

Entre a população que trabalha, o rendimento de pret@s ou pard@s melhorou um pouco mais que o d@s branc@s, e a inequidade caiu. Na população como um todo a pobreza encolheu, mas a redução foi semelhante entre os dois grupos — a desigualdade, portanto, se manteve. Na avaliação do estudo, “os dados indicam a persistência de práticas de discriminação”.

A diminuição do abismo entre branc@s e negr@s (pret@s ou pard@s) não é um Objetivo do Milênio específico — aliás, a ausência de um enfoque sobre as desigualdades em geral nos ODM é alvo de críticas de estudiosos. No entanto, representantes da ONU no Brasil têm destacado a importância de que as metas sejam atingidas para todos os grupos. "O gênero, a raça, a etnia e o local de nascimento de uma criança brasileira ainda determinam, em grande parte, suas oportunidades futuras. Essas desigualdades têm repercussões diretas também na saúde da mulher e na razão da mortalidade materna", afirma a coordenadora-residente interina do Sistema das Nações Unidas no Brasil, Marie Pierre Poirier, na apresentação do relatório.

O estudo mostra que a tendência de universalização do ensino fundamental — uma política mais geral, não voltada a determinadas etnias especificamente — beneficiou negr@s e branc@s. Em 1992, o percentual de pessoas de 7 a 14 anos que frequentavam o ensino fundamental era de 75,3% para pret@s ou pard@s e 87,5% para branc@s. Já em 2008, as porcentagens eram praticamente iguais: 94,7% no primeiro caso e 95,4% no segundo.

Um dos efeitos disso foi a queda da desigualdade no analfabetismo. Na faixa etária de 15 a 24 anos, a taxa era de 95,6% para @s branc@s e 86,8% para @s negr@s, em 1992. Já em 2008 os números eram parecidos: 98,7% para @s branc@s, 97,3% para pret@s ou pard@s.

No ensino médio a desigualdade ainda persiste, embora em nível menor. Em 1992, a proporção de branc@s de 15 a 17 anos matriculados no antigo colegial (27,1%) era quase o triplo da d@s negr@s (9,2%). Em 2008, a diferença havia caído para 44% (61% entre @s branc@s, 42,2% entre pret@s ou pard@s). Quanto se adiciona o componente gênero, porém, a questão se agrava. "As negras frequentam menos as escolas, apresentam menores médias de anos de estudo e maior defasagem escolar", afirma o estudo.

Rendimentos

Se o perfil educacional de negr@s e branc@s ficou mais parecido, poderia se esperar que o mesmo acontecesse com o rendimento. Não é o que tem ocorrido. A distância entre trabalhador@s branc@s e @s pret@s ou pard@s diminuiu, mas ainda é grande. Em 2008, estes últimos recebiam somente 56,7% da remuneração dos primeiros, enquanto dez anos antes o percentual era de 48,4%. "Tal diferencial se deve, em grande medida, à menor escolaridade média da população preta e parda, que, no entanto, não é suficiente para explicar as diferenças de rendimentos", afirma o relatório.

O confronto dos dados de 1998 com os de 2008 mostra que, nos dez anos e para todas as faixas de escolaridade, @s pret@s ou pard@s sempre estiveram em situação pior na população ocupada. Ao longo desse período, a desigualdade caiu entre quem tem até 4 anos de estudos ( no máximo o antigo primário, portanto) e quem tem de 9 a 11 anos de estudos (ensino médio completo ou incompleto). Mas não mudou entre trabalhadores com 5 a 8 anos de estudos (antigo ginásio completo ou incompleto) e aumentou entre os que têm superior completo e incompleto.

Quando se leva em conta não apenas os trabalhadores, mas toda a população, a desigualdade se mostra estável. O relatório aponta que, em 1990, 37,1% d@s pret@s ou pard@s viviam abaixo da linha de extrema pobreza do Banco Mundial (US$ 1,25 ao dia, em dólar calculado pela paridade do poder de compra, que desconta as diferenças de custo de vida entre os países). Em 2008, a proporção havia caído para 6,6% — um recuo de 82% no período. Entre os branc@s, a queda foi semelhante (83%): de 16,5%, em 1990, para 2,8%, no ano retrasado.

Os números mostram, portanto, que a proporção de pessoas muito pobres entre @s negr@s é mais que o dobro que entre @s branc@s. Sob esse ponto de vista, a desigualdade racial abre um fosso de cinco anos entre os dois grupos: a extrema pobreza de pretos e partos de 2008 era a mesma que a de brancos de 2003. Como afirma o estudo, apesar dos avanços "o objetivo da igualdade racial requereria uma queda mais acelerada da pobreza extrema entre pret@s ou pard@s".

Fonte:http://www.pnud.org.br/raca/index.php?lay=rac

Nenhum comentário:

Postar um comentário